terça-feira, 31 de maio de 2011

5, 4, 3, 2, 1

A história começa no ano de 2035, quando uma praga força os humanos a viver debaixo do solo. Para apagar o seu cadastro criminal, um homem viaja ao passado à procura de uma amostra do vírus mortal. O objetivo é ajudar os cientistas futuros a desenvolver uma cura. Preso entre os perigos do passado e a devastação do futuro, ele encontra uma psicanalista, que inicialmente se convence de que ele é louco, e um doente mental ligado a um grupo radical, que pode ter libertado o vírus.

Assista ao trailer de Os doze macacos:





E aí, gostou? Então, dia 4 de junho, às 16h, venha curtir com a gente mais uma edição do cineclube Ciência em Foco.




quarta-feira, 25 de maio de 2011

Trafegando no tempo com Paulo Vasconcellos-Silva

Médico, doutor em Saúde Pública, professor de Bioética/UNIRIO, pesquisador do IOC e da Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, e palestrante do Ciência em Foco de 4 de junho. Com vocês, Paulo Vasconcellos-Silva.




"Para mim, e essa não é uma receita universal, o cinema também é uma 'prova modificadora de si'. Me expõe às minhas construções de verdades e aos desconfortos saudáveis que me fazem prosseguir".

1)Fale um pouco de sua relação com o cinema.

O cinema entrou e ainda entra em minha vida com função provocadora. Em outras palavras, tento assistir deliberadamente aos filmes que nunca assistiria de boa vontade, a título de entretenimento. Assisto filmes de Kung-fu, dramalhão mexicano e até cinema de propaganda norte-coreana (quando encontrar algum). Geralmente não consigo assistir até as letrinhas do final mas, não raro, me surpreendo gostando de coisas que nunca buscaria na telona. Acho que o cinema permite uma forma de descentramento que deve ser buscada nos seus limites. Para mim, e essa não é uma receita universal, o cinema também é uma “prova modificadora de si”. Me expõe às minhas construções de verdades e aos desconfortos saudáveis que me fazem prosseguir.

2)A viagem no tempo é um tema recorrente no universo da ficção-científica, capaz de colocar em perspectiva nossos anseios e esperanças com relação à vida e à história. Apenas como um aperitivo do que deverá tratar no dia da sessão, de que modo este recurso, no filme de Terry Gilliam, pode dialogar com o modo a partir do qual nos situamos com relação ao nosso passado, presente e futuro? Haveria algum desafio ético proposto por Gilliam, a partir deste recurso da viagem temporal?





Penso que, em um certo sentido, viajamos no tempo todos os dias. Quando re-entramos em uma fila de supermercado e olhamos para aquela que abandonamos (que geralmente anda mais rápido), quando olhamos para nossos filhos pequenos e os vemos como futuros ganhadores de Nobel, Oscar, Medalha Olímpica etc.. Quando temos 100 caminhos a seguir, optamos por um deles e passamos o resto da vida nos arrependendo de não termos tomado algum dos outros 99. Estamos culturalmente imersos nessas narrativas sobre viagens no tempo sem máquinas. Elas não são exclusividade da ficção científica. Uma das mais conhecidas é a de Ebenezer Scrooge, o velho sovina do Um conto de Natal (A Christmas Carol), de Charles Dickens. É um bom exemplo de ethos que se aprimora, emancipado da “cegueira das coisas pequenas”. Mas acredito que Gilliam quis transcender essa clássica “moral da história”. Escapa (ou tenta) do proselitismo ético ao adotar a narrativa de desequilíbrio entre real x delírio – o “slippery slope argument” (argumento do possível deslize) onipresente nas distopias. O discurso embutido é sempre algo como: “...continuemos por aí e vejam no que dará".

3)Tendo em vista o título que escolheu para sua fala, e sem entregar muito do que deverá conversar com o público, poderia explicar melhor esta instigante referência ao filme envolvendo os dentes e sua relação com a viagem no tempo?

Todos aqueles que iniciam uma história e acreditam atrair a atenção de outros são pequenos e desprezíveis sádicos em potencial. Adiam desfechos, insinuam reviravoltas no enredo, manipulam a atenção dos espectadores ávidos de desenlaces. Eu não sou melhor que eles (rsrsrs...)

4)O personagem principal do filme é enviado ao passado por uma equipe de cientistas para coletar informações que possam salvar o presente de um terrível vírus. O filme, no entanto, não apenas coloca em questão a sanidade deste personagem, como também traduz, por extensão, esta incerteza para o âmbito da narrativa. Tendo em vista sua atuação em Saúde Pública e Bioética, que intuições Terry Gilliam nos traz, via cinema, para problematizar filosoficamente as tensões contemporâneas entre a racionalidade científica e a saúde?





Em relação à opção pela narrativa, não estou bem certo porque ainda não assisti aos extras do DVD (rsrs), talvez lá o diretor explique esse porquê. Mas, como disse acima, uma alternativa possível seria contornar o clima “moralista- distópico” do original francês A plataforma, de Chris Marker (La jetée, 1962). Neste, o mundo pós-apocalíptico é o pós-guerra nuclear – está bem contextualizado com o momento histórico da guerra fria. Invasões de marcianos também nos assustavam durante a guerra fria, mas hoje em dia não temos tanto medo deles ou da bomba, como Kubrick (em Dr. Fantástico - Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, de 1964), mas das ameaças à saúde coletiva, dos vírus e até da Natureza em si, como forma idealizada e vingativa – tema do filme de M. Night Shyamalan (Fim dos tempos - The Happening, 2008). Essa “natureza rousseauneana” já se vingava dos homens em Os pássaros (The birds, 1963), de Hitchcock, o que considero uma boa peça de suspense crescente, e não decrescente, como no filme de Shyamalan. Mas essa é uma outra história...

5)Em seu modo de ver, qual a importância de atividades como os cineclubes enquanto espaços de pensamento e divulgação científica?

Discordo do jargão de Luiz Severiano Ribeiro - “cinema é a maior diversão”. Cinema também é um poderoso recurso para educação. Cinema deve desencadear, ser provocação também (ou flagelação masoquista, como no meu confesso caso patológico). Sinto alguma saudade de minha época de faculdade, quando dirigia o cineclube do Diretório Acadêmico. Após qualquer sessão de cineclube, o debate era obrigatório, mesmo que se exibisse Branca de Neve. O bom cinema deveria ir além da mera expressão política, devendo alcançar também repercussão política e, se possível, a revolução socialista! Os bons filmes eram do Leste Europeu, censurados e, se possível, intragáveis. Não sei se estamos retornando a esse caminho na rota de choque com a lei dos direitos autorais. Caso positivo, isso só aumenta o prazer transgressor, ligeiramente delinquente e marginal dos cineclubes.

Quem quiser entrar em contato com o Paulo, escreva para: bioeticaunirio@yahoo.com.br




Violência, trauma e vingança a partir de Chan-Wook Park


Nesta quarta-feira, na UFMS, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, acontece mais uma sessão do cineclube Cinema (d)e Horror, um projeto de extensão da universidade que promove exibição de filmes com debates. O projeto, privilegiando abordagens críticas, se propõe a analisar questões depreendidas dos temas do filmes, relacionados à violência, à doença, à morte, à miséria, procurando compreender a categoria "horror" nas artes e no mundo contemporâneo.

O filme da vez é Lady Vingança (Chinjeolhan geumjassi - Coréia do Sul, 2005), o terceiro e último longa-metragem da intensa Trilogia da Vingança, do aclamado diretor Chan-Wook Park. O modo poético de tratar a dor e a violência certamente instigará o debate, mediado por Rodrigo Kruppa, do curso de graduação em Letras da própria universidade. A projeção tem início às 17h30, no anfiteatro do Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCHS, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS.

Acompanhe novidades e maiores detalhes sobre o filme e as questões por ele suscitadas no blog do Cinema (d)e Horror. Aproveite também para ler uma matéria sobre o filme e a sessão de hoje, escrita pela coordenadora do cineclube, neste link. Assista ao trailer abaixo e tenha uma boa sessão!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O inverno é aqui!





Você já saboreou maravilhas suíças além dos famosos chocolates? É chegada a hora: de 24 de maio a 5 de junho, a Caixa Cultural Rio de Janeiro oferece a Mostra Cinematográfica Além das Fronteiras: O Cinema Suíço. A Mostra, que também terá uma temporada em São Paulo, reúne premiadas obras cinematográficas da Suíça Romanda, produzidas de 1971 a 2009, dentre as quais seis são inéditas no Brasil, e oferece ciclo de palestras e debate com diretores suíços.

A programação completa pode ser conferida aqui!

CAIXA Cultural Rio de Janeiro
Endereço: Av. Almirante Barroso 25, Centro (estação Metrô Carioca)
Telefone: (21) 2544-4080

Lotação: 85 lugares, sendo 2 (dois) para cadeirantes
Classificação etária: Verifique na programação completa da mostra
Entrada: R$ 2,00 (inteira) R$ 1,00 (meia)
Acesso para portadores de necessidades especiais




segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tempo, tempo, tempo, tempo



A edição de 4 de junho do cineclube Ciência em Foco promete uma viagem pelo tempo através de imagens e do pensamento. Em Os doze macacos, ficção científica de Terry Gilliam, um presidiário é convidado a voltar ao passado para decifrar mistério envolvendo um vírus mortal e alterar os rumos do presente. Em seguida, o doutor em Saúde Pública Paulo Vasconcellos-Silva discute as viagens no tempo na ficção-científica e os medos sociais a elas relacionados, levantando questões filosóficas diversas: como trafegar no tempo? Como nos colocamos perante nosso passado, presente e futuro? O homem pós-moderno passaria no teste do "eterno retorno" nietzscheano?



Venham pra cá!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O Sócrates de Rossellini, em debate na PUC-Rio

Nesta sexta-feira, o Núcleo de Estudos em Filosofia Antiga da PUC-Rio promove mais uma sessão do ciclo Um olhar uma escuta - Drama e filosofia, com a exibição do filme Sócrates (Socrate, 1971), de Roberto Rossellini. Após a sessão, haverá um debate com o professor Antonio Queirós, do Departamento de Filosofia da PUC-Rio, cujo tema será o diálogo de Platão com Aristófanes.

Incluído na produção que Rossellini realizou para a televisão a partir de meados da década de 60, este filme é o primeiro de uma série do diretor que contempla ao todo quatro filósofos. Além de Sócrates, Rossellini dirigiu Blaise Pascal (1972), Santo Agostinho (Agostino d'Ippona , 1972) e Descartes (Cartesius, 1974).

O ciclo procura levantar e discutir questões, não apenas restritas à filosofia, e sobretudo relacionadas com a antiguidade clássica, a partir da exibição de filmes ou também de peças de teatro. Veja o flyer do evento aqui. A projeção começa às 14h e o debate às 16h30, na sala F300 do Departamento de Filosofia. A PUC-Rio fica na rua Marquês de São Vicente, 225, na Gávea. Mais informações pelo telefone 3527-1299.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pesadelos e sonhos da mídia



Após termos discutido, no ano passado, elementos filosóficos da obra de David Lynch após a exibição de Veludo azul (Blue velvet - E.U.A., 1986), com o professor James Arêas (UERJ), neste último sábado, o Ciência em Foco propôs novos olhares a partir da exibição do instigante Cidade dos sonhos (Mulholand Dr. - E.U.A., 2001), filme considerado por muitos a obra-prima do diretor. Quem conversou com o público após a exibição foi Henrique Antoun, professor da ECO/UFRJ e pesquisador do CiberIDEA - Núcleo de pesquisa em tecnologia, cultura e subjetividade do PPGCOM/UFRJ.


Procurando pensar a mídia e a criação artística face às realidades inadiáveis da vida contemporânea, como a relação entre a arte, os afetos, a tecnologia e o social, Antoun propôs um curioso ponto de partida com David Lynch e seu filme, que se apresenta como um pensamento provocador em torno do mundo do cinema e do espetáculo. Ao relembrar que a arte teria nascido ao mesmo tempo que a democraria, na Grécia da Antiguidade, com as tragédias gregas, Antoun situou a relativa autonomia que este tipo de expressão possuía com relação às exigências da sociedade, da política e da religião, e saltou para o conturbado século XX, marcado pela presença do cinema.


O cenário se complexifica quando, a partir da década de 80 e a emergência do neoliberalismo, o mundo vê surgir também as tecnologias informáticas que, substituindo o esforço humano, reinventam o sentido do trabalho - que passa a demandar afeto, criação e invenção - pavimentando caminho determinante para nosso mundo atual. O cinema, diante da TV e dos meios proliferantes de criação possibilitados pela informática e pelas relações sociais da internet - a chamada mídia livre - encarna os dilemas filosóficos do sujeito moderno: afinal, quem pensa? Qual seria, enfim, seu estatuto? O filme de Lynch, deste modo, desenrolaria uma história que se confundiria com os jogos e as tensões que atravessam a história do cinema, formulando questões sobre o que seria entretenimento, negócio, arte, cultura e criação.


A mídia livre, no entanto, é aquela que aparece como um contraponto à pergunta sobre quem pensa, permitindo a todos uma forma de buscar, pela expressão, um sentido àquilo que os atravessa, fazendo coincidir sujeito e criação. Se a arte, desde a tragédia grega, tem a ver com o sensível, com a carne, é porque ela reage ao que lhe acontece, nos fazendo lembrar que estamos vivos e não indiferentes ao que nos rodeia. Nossa próxima sessão acontecerá no dia 4 de junho, com a exibição do filme Os doze macacos (Twelve monkeys - E.U.A., 1995), de Terry Gilliam. Teremos a alegria de receber, como convidado do mês, o professor de bioética da UNIRIO, Paulo Vasconcellos-Silva, doutor em Saúde Pública e pesquisador do IOC/Fiocruz, com a palestra Como trafegar no tempo sem perder os dentes. Anotem na agenda e divulguem. Até lá!





sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Animação é tudo!"

De hoje até o dia 13 de maio, o Rio de Janeiro será palco de um festival pra lá de animado: o Diversidade em Animação 2011 - 3º Festival Internacional de Animação LGBT. Na programação, 45 animações brasileiras e estrangeiras.

As exibições acontecem sempre às 17h30 e 19h, no Cine Cultural Justiça Federal (Avenida Rio Branco 241, Centro). O ingresso custa R$ 6,00 e R$ 3,00, a meia-entrada (antecipados na loja Cox e na hora na Bilheteria do CCJF), e dá direito à entrada gratuita na Festa Diversidade em Animação, que acontece dia 7 de maio, às 22h, na Le Boy by Gilles (Rua Raul Pompéia 102, Posto 6, Copacabana). Programe-se!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

o que há por trás de Hollywood


"Cidade dos sonhos oscila entre filme noir e filme de juventude e faz uma paródia de Hollywood: fala-se do domínio que a TV tem sobre Hollywood e que começa quando esses dois projetos colidem", Henrique Antoun, palestrante do Ciência em Foco de 7 de maio.

Se você gosta do nosso cineclube, ajude-nos a divulgá-lo! Teremos um grande prazer em receber novos e antigos cineclubistas para tardes de filmes instigantes e de reflexões sobre a vida que há dentro e fora deles.