quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O grito (delirante) de carnaval, no CineramaFolia




Para os cinéfilos de plantão, e em ritmo de carnaval, a sessão continua.

O Cinerama, cineclube da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO/UFRJ), apresenta nesta quinta-feira o filme A Lira do Delírio (1978), do diretor Walter Lima Jr.

Após a sessão, ocorre um bate-papo sobre o filme.

E mais: quem for fantasiado ganha um brinde surpresa!

A sessão acontece nesta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, às 19h, no auditorio da CPM, que fica no campus da Praia Vermelha da UFRJ. A entrada é franca.

Boa sessão a todos e bom carnaval!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Harold Ramis, 1944-2014


Nesta última segunda-feira, 24/2, morreu Harold Ramis aos 69 anos. Ele é o diretor e co-roteirista do filme Feitiço do tempo (Groundhog day - E.U.A., 1993), que o Ciência em Foco exibiu neste mesmo mês de fevereiro, em sua sessão inaugural da temporada 2014. Ele sofria de uma rara doença inflamatória.

Ramis será sempre lembrado por seus filmes e roteiros, pela forma como ajudou a moldar o cinema de comédia nos E.U.A., influenciando ainda hoje as novas gerações de autores dedicados ao gênero.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A vida, a arte, o tempo e seus feitiços



No sábado dia 1º de fevereiro, o Ciência em Foco inaugurou a temporada de 2014 em grande estilo. Um auditório lotado acompanhou a exibição do filme Feitiço do tempo, de Harold Ramis, seguido da palestra Do Tempo, o que se diz?, ministrada pelo poeta e matemático Ricardo Kubrusly, doutor em Ciências pela University of Texas, Austin, e professor titular do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE/UFRJ). Kubrusly evocou a figura de Zenão de Eleia para pontuar uma conversa sobre o tempo, tema evocado pela sessão, que aconteceu bem na véspera do Dia da Marmota - o curioso feriado mostrado no filme, comemorado em algumas cidades da América do Norte.

Os paradoxos apresentados por Zenão, como a corrida entre Aquiles e a tartaruga, discutem o tempo associado à ilusão de movimento. Logo, eles serviram de metáfora à condição do personagem principal do filme, que vivia repetidas vezes o mesmo dia. A repetição dos elementos de seu cotidiano, no entanto, nos fornece indícios para pensar a própria vida, imersa no tempo, como um cenário inescapável. Para compreender o tempo, os esforços da ciência estarão sempre em defasagem em relação às vivências, as memórias e as experiências da vida das pessoas. Kubrusly também comentou o papel importante da arte no jogo das repetições. Caminhando (sem sair do lugar, diga-se de passagem!) de Zenão até o advento do cinema, acabamos por perceber que o próprio cinema não deixa de ser uma forma moderna de ilusão do movimento, transformada em arte. É pela arte, enfim, que podemos desafiar nossa condição mortal e criar, dar sentido à vida, para além da repetição.

E por falar em arte, a nossa próxima sessão - que acontece apenas no dia 5 de abril devido aos feriados do Carnaval - trará um filme e uma palestra que partem das artes plásticas. Será exibido o filme O moinho e a cruz (Bruegel, le moulin et la croix - Suécia/Polônia, 2010), de Lech Majewski. Teremos a honra e a alegria de contar, como nossa convidada do mês, com Carlinda Nuñez, doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ, com pós-doutorado na Universidade de Freiburg, Alemanha. Ela é professora do PPGL-UERJ, onde coordena o Mestrado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada. Ela ministrará a palestra Com quantos frames se faz uma tela? O paradoxo das histórias pintadas e da pintura em movimento. Uma sessão imperdível. Fique ligado no blog, no perfil da Casa da Ciência no Facebook e no Twitter para maiores informações. Caso ainda não receba nossa divulgação, é só assinar a nossa mala-direta eletrônica enviando um email para cienciaemfoco@casadaciencia.ufrj.br . Até abril!!



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Conversações - Feitiço do tempo

Nesta edição de Conversações, recebemos a colaboração de nosso convidado de fevereiro, Ricardo Kubrusly, que ministrou a palestra Do Tempo, o que se diz?, após a exibição do filme Feitiço do tempo (Groundhog Day - E.U.A., 1993), de Harold Ramis.


penso em falar do tempo, é claro, sua invenção disforme, elástica e sempre referenciada à morte, que, ao fim e ao cabo, é o que nos guia; a mãe do pensamento.
sobre o tempo, recomendo o texto que está no número 1 da belissima Revista Carbono:


O filme [Feitiço do tempo], na tentativa de fotografar o tempo com lentes telescópicas, acaba por encontrar o próprio drama humano; suas ilusões repetições e verdades.É, pelo menos no filme que eu vejo, pela eterna repetição do que nada tem de especial, um dia corriqueiro onde, desistidos de entender as variações climáticas (de novo o tempo que em nossa língua se confunde com o clima) perguntamos e acreditamos nas previsões de uma Marmota. O que é mesmo uma marmota?
Possibilitado pelo desligamento da arte, repetições acabam por revelar o novo. O amor que dissolve o estático da vida na ilusão do movimento do amor e da normalidade.

ILUSÕES REPETIÇÕES E VERDADES

O que se faz quando inventamos o mundo e dentro de nós, entre sentidos, construímos o que persiste e o que desiste?

Repetimos amedrontados o mundo e seus cantochões

Rodopiando as ilusões que à atoamente vestimos todos os dias

Sete véus, sete destinos, sete estrelas riscam os céus em tempestades

Repetimos a espera do milagre, da escolha,

a espera interminável das ilusões com as quais construímos nossas verdades.

Tornamo-nos os aparelhos que escrevem nossas vidas.

Me lembro que aos 8 eu fui feliz. Meu pai descendo do verde Plymouth 51,

bigodes ao vento e trazendo consigo meu presente de natal: uma luneta. Dourada com seu tripé de madeira escura. Era a certeza do novo.

Do outro lado, o morro em verde me aguardava com seus segredos verdes. Mirei-lhe as lentes

que agora, me constituíam e que entre os galhos retorcidos inventavam novas descobertas.

Uma casa que não existia, agora lá, de cabeça pra baixo, do outro lado da espera, entre os verdes e os verdes do mundo. Eu vi a moça ao contrário, chão no céu, solta, seus pés no firmamento e seu vestido longo, formando um cone, uma outra luneta que me escondia seu corpo e revelava apenas os meus próprios sonhos. Estranho mundo o que as lunetas nos revelam...

À noite desmontei o aparelho tentando entendê-lo. Cada pedaço de vidro e ferro separados deixavam escondidos os pequenos anõezinhos que, por certo, inventavam em seus desenhos inteligentes a casa entre os verdes da montanha, a moça e seu vestido ao contrário que me excitava e me negava prazer e compreensão.

Dezembro, dezembro, sempre dezembro a nos lembrar o que se perde e o que se ganha.

Preparando-nos para a verdadeira fotografia: foco, objeto, destino e click!

O que se escuta, pelas orelhas que apontamos para o mundo, é um grito tênue dos desistidos.

Nós os desistidos insistimos em permanecer ouvidos. É da persistência dos desistidos que são feitas as frestas por onde distraídos, venceremos.


Ricardo Silva Kubrusly
Poeta e matemárico, doutor em Ciências pela University of Texas, Austin, professor titular do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE/UFRJ).

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O fim e o princípio

Foi com extremo espanto e tristeza que recebemos a notícia da morte trágica de Eduardo Coutinho neste domingo, dia 2 de fevereiro de 2014.

Difícil encontrar as palavras. Uma perda irreparável de um incansável realizador, que muito haveria ainda de contribuir com o cinema, renovando e estabelecendo novos paradigmas para o documentário, como vinha fazendo.

Há exatos quatro anos ele havia nos surpreendido com a sua presença-surpresa na inauguração da nossa temporada de 2010 do Ciência em Foco, em fevereiro. Deixamos aqui esta foto, para lembrá-lo. Ele nos deixa a vida de sua obra.