quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A vida imita a arte


Valor Econômico
Quarta-feira, 29 de abril de 2009



Fiscal 'térmico' vigia vírus em aeroportos



Sem nenhum caso de gripe suína, Taiwan acionou ontem seu plano de controle máximo. O país está bem preparado para enfrentá-la, depois de tirar lições de epidemias recentes.

Quem desembarca no aeroporto de Taipé, a capital, nem desconfia que é submetido a um "escaneamento térmico" quando passa pelo corredor em direção ao saguão de bagagens. Inspetores acompanham no computador a temperatura do passageiro. Se estiver acima do normal, indicando febre, ele nem chegará perto da porta de saída. Será rapidamente interceptado, interrogado e mandado direto para o hospital. A operação é acompanhada por câmeras a quilômetros dali, no Centro de Controle de Doenças.



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Trinta anos antes, Cronenberg realizava o seu Rabid, onde situações como essas ainda pertenciam ao campo da ficção científica/terror. No filme, é desenvolvida uma reflexão ora irônica ora apocalíptica sobre as interferências da ciência e da tecnologia na vida dos humanos, e as suas nem sempre previsíveis ou controláveis consequências. Com toques de humor negro, o diretor nos leva a pensar sobre diversas outras questões, como a solidariedade, a construção das doenças, e a ordem social, mostrando que ciência e tecnologia, como produtos humanos, são indissociáveis de todos os outros aspectos da sociedade, da vida e da cultura.



Dia 2 de outubro, no Ciência em Foco!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Abrindo os baús do cinema


Na 9ª edição do Festival Internacional de Cinema de Arquivo, que acontece entre os dias 25 e 29 de outubro, no Rio de Janeiro, a música brasileira será o centro das atenções. Com sessões de cinema ao ar livre no Arquivo Nacional (um dos parceiros do evento, juntamente com a empresa Rio de Cinema Produções Culturais), o RECINE promove diversas atividades, como fórum de debates, palestras e homenagens, além de exposição fotográfica sobre o tema do ano e lançamento da Revista Recine. Saiba mais sobre o evento visitando o site oficial!



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Um pouco de Lilian Chazan

Com vocês, a médica e psicanalista Lilian Krakowski Chazan, palestrante do Ciência em Foco de 2 de outubro.

1) Como foi o seu encontro com o cinema?

Sou uma cinéfila amadora, não profissional. Na minha infância, a lembrança mais remota é a dos filmes que meu pai pegava emprestado nas embaixadas soviética e tcheca, pré 1964, e também americana, para exibições caseiras nos aniversários. A lembrança daquelas sessões, do quarto escurecido, da projeção no lençol estendido na parede, do barulho do filme rodando no projetor, do cheiro da película aquecida pela lâmpada, além da graça dos grandes cômicos Harold Loyd, Max Linder, Buster Keaton, Chaplin, e do conteúdo lindo dos desenhos tchecos e russos, evocam uma sensação completamente mágica. Falar de magia, sonho, associados ao cinema é totalmente lugar comum, mas fazer o quê?

2) Que pontes você estabelece com o cinema a partir do seu campo de formação?

Acho que o fato de o ano considerado inaugural do cinema e da psicanálise ser o mesmo - 1895 - não é casual. As duas coisas me parecem ser respostas, em campos diversos, a preocupações circulantes na cultura europeia do final do século XIX. Há um sem número de ligações possíveis, começando pela possibilidade de colocar na tela experiências oníricas. Os diversos ciclos Cinema & Psicanálise que proliferam pela cidade são a expressão da imensa quantidade de ligações possíveis.


3) De que modo David Cronenberg, neste filme e em outros, dialoga com o universo da ciência?

Estou longe de ser uma profunda conhecedora da obra do Cronenberg, mas há algumas temáticas recorrentes que me chamam a atenção. Uma delas é a interação ou simbiose corpo-tecnologias, um tema para lá de atual; a outra, experimentos científicos com o corpo que têm desdobramentos inusitados, alegorias com tonalidades de pesadelo. Recomendaria eXistenZ e The Brood, como exemplos desses temas.

4) Por que falar sobre a ciência é tão instigante?

A ciência está indissoluvelmente ligada ao social. Ela é ao mesmo tempo produto e agente de mudanças, e a ambiguidade é inerente aos processos sociais. Falar de ciência, discuti-la e problematizá-la é falar e discutir a sociedade e seus processos.


5) Na sua opinião, qual a importância de ferramentas como essa (blog) para a divulgação do cinema e de produções em torno dele?

Acho que é uma ferramenta dinâmica e que deve ser usada em toda sua potencialidade. Eu me declararia uma 'adicta' ao pensamento. Viciada mesmo. Assim, qualquer possibilidade/ferramenta/oportunidade, da mais tosca a mais sofisticada, que propicie chances para as pessoas exercerem o pensar têm a minha adesão entusiástica.

6) Como conhecer mais das suas produções? Você tem outros trabalhos a partir de leituras de filmes?

Minha produção está no campo da antropologia da saúde, ainda que discutindo uma tecnologia visual médica, 'quase' cinema, o ultrassom obstétrico. Está no livro Meio quilo de gente: um estudo antropológico sobre o ultrassom obstétrico, editado pela FIOCRUZ. O único trabalho que fiz sobre filmes foi uma discussão no ciclo Cinema em Carne Viva, David Cronenberg, coordenado pelo Prof. Tadeu Capistrano, no ano passado na Caixa Cultural. Email para contato: liliankc@ig.com.br


Convido a todos os que gostam do esporte de pensar, que compareçam para, depois desse filme divertido e meio trash que é Rabid, exercermos juntos essa atividade, trocando ideias, pontos de vista e experiências.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Começa no Rio a grande festa do cinema

As atenções do mundo do cinema se voltam para a cidade do Rio de Janeiro a partir desta quinta-feira, dia 23 de setembro, quando se inicia na cidade o Festival do Rio 2010.

Consagrado como o maior festival da América Latina, o evento traz em 2010 mais de 300 filmes, incluindo produções ainda inéditas e que muitas vezes passam ao largo do circuito convencional. Só de filmes nacionais, na mostra Première Brasil, estão programados 60 filmes!

Além das mostras tradicionais do festival, haverá uma retrospectiva com 11 filmes do cineasta israelense Amos Gitai e uma mostra em homenagem ao cineasta polonês Jerzy Skolimowski, que apresenta também seu mais recente filme, premiado em Veneza. Ambos os diretores são convidados do festival.

O festival ainda contará com debates, mesas-redondas, encontros de produção e negócios e também sessões gratuitas em diversos locais espalhados pela cidade - uma forma de promover acesso e disseminar o nosso cinema.

Fiquem ligados na programação e preparem o fôlego para esta grande celebração do cinema! E lembrem-se: dia 2 de outubro temos o Ciência em Foco na Casa da Ciência.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Funk, cinema e debate na UFF

Para quem quiser conhecer mais uma iniciativa em cine-debate universitária, acontece nesta terça-feira, dia 21/09, às 14h30, no Instituto de Educação Física da UFF, a sessão de setembro do CineMarx.

Será exibido o filme Sou feia mas tô na moda (2005), da cineasta Denise Garcia, que percorreu bailes funk cariocas documentando as atividades daqueles que perfazem a cena do movimento atualmente, com foco especial nas mulheres e no papel feminino no universo do funk.

Após a exibição do documentário, segue-se uma roda de conversa com o debatedor Aldo Victorio Filho, doutor em Educação pela UERJ, professor e coordenador da Licenciatura em Artes Visuais do Instituto de Artes da UERJ, pesquisador do grupo de pesquisa Cotidiano Escolar e Currículo, da mesma universidade.

O CineMarx acontece em Niterói, na Sala Rosa do Instituto de Educação Física da UFF, no Campus Esportivo do Gragoatá (Av. Visconde do Rio Branco, s/n - Centro). A entrada é franca.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Bebê a bordo


Quem disse que bebês não podem ir ao cinema? No CineMaterna, as salas são equipadas para acolhê-los com todo o conforto. Mamães podem curtir uma programação variada de filmes, na companhia dos pais e outros acompanhantes, pois o som é reduzido; a sala possui trocador; o ar condicionado é mais suave; a luz, menor forte e há um tapete de atividades e brinquedos em frente à tela. As sessões, que acontecem em várias cidades do Brasil, são seguidas de um descontraído bate-papo. E os filmes, escolhidos pelo público através de enquetes semanais. Para saber mais informações e fazer seu cadastro, visite o site do CineMaterna!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Filmes ao alcance da mão


Foram prorrogadas até o dia 20 de setembro as inscrições para o Cel.U.Cine, uma competição temática de micrometragens: filmes de até 3 minutos para celulares, feitos a partir de tecnologias digitais. O festival acontece em duas etapas, das quais saem 10 concorrentes para Melhor Filme. Os vencedores de cada etapa ganham telefones celulares e os três primeiros colocados concorrem a prêmios de 15 mil, 7 mil e 5 mil reais. O tema agora é "Lenda Urbanas". E não se esqueça, os filmes devem ser inéditos em qualquer mídia. Para saber mais, clique aqui!

sábado, 11 de setembro de 2010

Os ambíguos papéis da Ciência

"A vida imita a arte”: não há como escapar dessa frase clichê. Rabid, de David Cronenberg, atração do Ciência em Foco de 2 de outubro, é uma prova disso. Diretamente do universo da ficção científica para a vida real, se desenrola uma narrativa sobre as desconfianças em relação aos riscos e temores envolvendo a ciência. Doenças, contágios e epidemias são o foco das preocupações. Quem faz a ponte entre os dois universos é a médica e psicanalista Lilian Chazan, com a palestra “Uma visão irônica e apocalíptica dos experimentos científicos”.
A discussão promete...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Olhares sobre o cinema brasileiro contemporâneo

Com o objetivo de abrir um espaço maior ao debate de ideias ao lado da exibição de filmes, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ realiza, em parceria com os idealizadores da mostra Semana dos Realizadores, três encontros com debates que giram em torno de questões que inquietam o pensamento sobre o cinema na atualidade.











Nesta quinta-feira, 9 de setembro, às 18h30, três cineastas que participam da mostra conversam com o público sobre o personagem contemporâneo de cinema. Mais à noite, no Unibanco Arteplex, às 21h30, acontece a abertura da mostra da II Semana dos Realizadores, com a exibição do filme Desassossego, obra composta por fragmentos assinados por 14 cineastas brasileiros.

Inspirada na célebre Quinzena dos Realizadores - festival que acontece na França paralelamente ao Festival de Cannes desde 1969, idealizado por mestres da Nouvelle Vague -, a Semana dos Realizadores acontece uma semana antes do início do Festival do Rio 2010, trazendo ao público uma programação alternativa e complementar àquela do maior festival da América Latina.

Mais detalhes sobre a mostra e os debates podem ser encontrados no blog da Semana dos Realizadores ou no site do Fórum de Ciência em Cultura da UFRJ. Os debates são abertos e gratuitos. Eles serão realizados no auditório do CFCH, no campus da Praia Vermelha, que fica na Av. Pasteur, 250, na Urca.

Arroz, feijão e pipoca

Quem foi que disse que hora do almoço só dá para o almoço? A 7ª Edição da Mostra Curta no Almoço, que esse ano acontece na Caixa Cultural, está aí para provar o contrário. Até o dia 24 de setembro, com sessões às 12:30, 13:00 e 13:30, 14 curtas nacionais serão exibidos. Os fimes têm duração de até 22 minutos e podem ser vistos gratuitamente, no centro do Rio, de terça a sexta. Para ficar por dentro da programação, acesse aqui!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Bem-vindos ao nosso mundo estranho

Neste primeiro sábado de setembro, o Ciência em Foco adentrou o mundo estranho de David Lynch, com a exibição de Veludo azul (Blue velvet - E.U.A., 1986), seguida da fala do professor do Departamento de Filosofia da UERJ, James Arêas. Ele conversou com o público sobre elementos da obra de Lynch, destacando o modo específico do cineasta de escapar das convenções narrativas.

Analisando o filme de Lynch a partir de conceitos do filósofo Gilles Deleuze, James mostrou que as aparentes oposições e contrastes que o filme coloca em embate - como a luminosidade e a opacidade, o bem e o mal, a ordem e o caos, o racional e o irracional -, estariam em cena como expressões que remetem a um único e mesmo mundo.

De acordo com ele, os aspectos estranhos presentes no filme forçam o espectador a pensar por meio da desarticulação que operam na organização e nos aspectos previsíveis do nosso próprio mundo. Esta seria sua potência filosófica. O mundo organizado - aquele no qual o tempo é mensurado e que acredita possuir estabilidade - é confrontado por signos que colocam em questão a predominância da ordem racional das coisas.

Tal qual a cidade de Lumberton, do filme, em relação à floresta que a rodeia, o mundo organizado - o nosso mundo - é na verdade derivado de um mundo originário onde as coisas existem sem a ordenação humana: um mundo em que o tempo pulsa, imprevisível, e que nos faz questionar nossa condição.

No nosso próximo encontro, dia 2 de outubro, exibiremos Rabid (Canadá, 1977), de David Cronenberg. Após a exibição, receberemos a médica e psicanalista Lilian Krakowski Chazan, doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, com a palestra Uma visão irônica e apocalíptica dos experimentos científicos. Até lá!


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Abrindo as cortinas

Esse mês o blog está trazendo uma novidade: a partir de agora vamos conhecer um pouco mais de perto os palestrantes do evento, através de bate-bolas, pequenos vídeos e áudios. Para a edição de setembro, preparamos uma rápida entrevista com o convidado do mês, o professor do Departamento de Filosofia da UERJ, James Arêas, que falou, entre outras coisas, sobre o fio condutor de sua futura palestra e da importância dos cineclubes.

1) Fale um pouco sobre a sua formação e o seu interesse pelo cinema.

Minha formação é toda ela em Filosofia, inicialmente na UFRJ (Graduação) e posteriormente PUC-Rio (Mestrado e Doutorado). Meu interesse pelo cinema surgiu quando, ainda criança, era levado até lá por meu pai, com muita frequência. Assistíamos praticamente a tudo que a idade permitia e, algumas vezes, até mesmo sem que fosse permitido. Meu pai era amigo do gerente e isso facilitava para os filmes de censura para 14 anos.

2) Como você definiria a cinematografia de David Lynch?

David Lynch é um grande criador, um dos maiores artistas de nosso tempo. Ele pratica uma semiótica toda especial, por vezes assustadora, sedutora, violenta, magnífica. Suas intervenções no tempo são extraordinárias, seus mundos são purgatórios capazes de expor pulsões aterradoras, mas também os mais sensuais e belos afetos. Cinema de devires, arte grandiosa.


3) Por que pensar o cinema de Lynch a partir de Deleuze?

Gilles Deleuze foi o primeiro filósofo a pensar com o cinema e não sobre o cinema. Seus dois volumes: Cinema 1: A imagem-movimento e Cinema 2: A imagem-tempo promovem, a partir de uma repotencialização das obras de Bergson, Peirce, etc, um verdadeiro encontro com as imagens cinematográficas. Sua obra se desdobra no sentido de uma semiótica das forças que se compõem com o pensamento, que nos forçam a pensar. Com as artes nos deparamos com signos poderosos que nos arrastam da linguaguem (literatura) para a imagem (pintura, cinema), da imagem ao pensamento.

4) Como a conjugação das ideias desses dois pensadores através do filme "Veludo Azul" faz falar sobre o mundo presente?

Veludo Azul é uma obra genial, vulcânica e afetuosa. Nos faz penetrar no mistério de um estranho mundo que é também o nosso próprio mundo, assustador e belo, irredimível e promessa de felicidade. Um filme que torna sensível a percepção do tempo que pulsa, se conserva e passa. Entre Deleuze e Lynch abre-se uma zona de interferência atualíssima que corresponde a esse momento em que o pensamento volta a ser o que ele é. Como diria Godard: "perigoso para o pensador, transformador do real", já que o ato criador é um excedente, "uma saturação de signos magníficos, imersos na luz, com sua ausência de explicação".

5) Na sua opinião, qual a importância dos cineclubes?

Os cineclubes têm hoje uma função distinta daquela que souberam ocupar no passado diante de nossos pesadelos políticos, mas creio que ainda guardam o essencial: resistir ao presente, conservando o que interessa e despertando o interesse por conservar o que resiste.

6) O que acha de propostas de cineclube como a do Ciência em Foco? Conhecia o blog? Como você avalia a importância de ferramentas como essa (blog) para a divulgação do cinema e de produções em torno dele?

Excepcional, brilhante. Uma iniciativa louvável sob todos os aspectos, com as exibições e as conversas que a excelente seleção dos filmes pode suscitar. Conhecia e visitava o blog Ciência em Foco. Cabe a todos nós educadores, cientistas, artistas e pensadores divulgá-lo. Os "blogs" adquiriram em nossos dias uma eficácia e confiabilidade maior do que os meios tradicionais de comunicação. Para a divulgação do cinema, creio ser fundamental, se considerarmos que o cinema é parte das lutas contemporâneas em um universo de "imagens entre imagens" onde proliferam clichês de todo tipo.

7) Como conhecer mais das suas produções?

No momento estou trabalhando para confecção de um pequeno livro e me preparando para um Pós-Doutorado. Em meus cursos de Pós na UERJ estou inteiramente à disposição dos interessados.