terça-feira, 30 de setembro de 2014

Intolerância e liberdade de pensamento


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Como você reagiria se por lei do Estado fosse proibido ensinar nas escolas públicas a teoria evolucionista, desenvolvida em meados do século XIX pelo naturalista inglês Charles Darwin? Pois foi o que aconteceu ao professor de biologia John Thomas Scopes, na cidade de Dayton, em pleno século XX (1925) no estado americano do Tennessee e que o filme de Stanley Kramer, "O Vento Será Tua Herança" (Inherit the Wind – E.U.A., 1960), aborda na sessão do dia 4 de outubro, no Ciência em Foco. Em seguida ao filme, haverá a palestra/debate Vários rounds... e o ringue segue armado, com Valéria Wilke, professora do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da UNIRIO.

A produção estadunidense foi adaptada da peça homônima de Jerome Lawrence e Robert Edwin Lee escrita em 1951 e estrelado por Spencer Tracy, Fredric March e Gene Kelly. Trata-se de uma ficção amparada em um caso real: o Julgamento do Macaco (“Monkey Trial”), como ficou conhecido, em que é possível acompanhar o confronto entre perspectivas religiosas e a ciência.

O julgamento, que  durou 11 dias e foi o primeiro a ser transmitido pelo rádio, aparece nesta versão cinematográfica atravessado por outras questões que para a professora Valéria Wilke merecem destaque: “o filme convida-nos a discutir sobre a natureza do estado laico e sua relação com as religiões, quem pode ensinar e o que se pode ensinar às crianças, e sobre a liberdade do pensamento”.

A intransigência do juiz em meio a batalha judicial, que impediu a defesa de apresentar cientistas como testemunhas em favor da teoria da evolução, também alude a outro momento da história americana, o macartismo. Nesse período, que vai  de fins da década de 1940 a meados da década de 1950, ocorreu intensa perseguição política e desrespeito aos direitos civis. A obra de Jerome Lawrence também surge como forma de denuncia a esta violência do Estado sobre aqueles que não concordavam com as ideias  preconizadas nos EUA durante a chamada Guerra Fria.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A memória e a potência presente das imagens



No sábado, dia 6 de setembro, o Ciência em Foco exibiu a obra-prima de Eduardo Coutinho, Cabra marcado para morrer (1984), que completa 30 anos de lançamento em 2014. Para debater com o público, tivemos a honra de contar com a presença de César Guimarães, professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, que aceitou o desafio e fez uma emocionante leitura do filme, a partir da conexão de reflexões filosóficas acerca da história que partiram de uma conversa com o próprio Coutinho, dialogando com as elaborações conceituais de Walter Benjamin.

César propôs uma conversa com outras leituras e textos já escritos sobre o filme, ensaiando uma nova abordagem. Sua aposta é a de que o filme apresenta uma maneira peculiar de se relacionar com o material histórico do qual se vale, caracterizado pela forma de mostrar o irreparável das vidas dilaceradas pela experiência histórica da violência e da repressão do regime militar. Quando o filme se volta para o resgate de elementos do passado, ele não estaria apenas preocupado em efetuar uma reparação com relação às injustiças que outrora aconteceram, preenchendo o vazio da História: a propriedade criativa da montagem e os recursos que o cinema oferece produziriam também um embate para todos que o assistem no presente, tornando visível este vazio e implicando o espectador na experiência histórica que o filme evoca. Uma sessão memorável, que fez vibrar no presente a potência das imagens ligadas à memória de Eduardo Coutinho.

Nossa próxima sessão acontecerá no dia 4 de outubro, sábado anterior ao dia das eleições no Brasil. Exibiremos o filme O vento será tua herança (Inherit the wind - E.U.A., 1960), clássico de Stanley Kramer.  Teremos a honra e a alegria de contar, como convidada do mês, com Valéria Wilke, diretora e professora da Faculdade de Filosofia, do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da UNIRIO, que ministrará a palestra Vários rounds... e o ringue segue armado. Programem-se e divulguem! Até lá!



segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Videocast - Você não conhece Jack / Rachel Aisengart Menezes

Já está no ar mais um videocast do Ciência em Foco. Agora todos podem conferir a palestra que aconteceu após a exibição do filme Você não conhece Jack, de Barry Levinson, na sessão de dezembro de 2013, que contou com a participação de Rachel Aisengart Menezes, médica e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (IESC/UFRJ). Ela apresentou a palestra Autonomia individual e gestão do morrer na contemporaneidade.

Na palestra, Rachel mobiliza questões éticas e políticas ligadas às novas tecnologias e a autoridade do saber médico. Além de trazer reflexões sobre a ideia moderna de morte e os cuidados paliativos no final da vida, a palestra nos convida a pensar sobre as relações saúde/doença, ciência/sociedade, assim como sobre as redefinições das noções de vida e identidade. Aproveitem!