segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Trânsitos permanentes

A terceira edição do Festival Internacional do Filme de Pesquisa, que acontece dia 1º de dezembro, de 10 às 19h, no CCBB, traz um tema mais do que atual: Diásporas, Cultura e Cidadania. O destaque são os filmes sobre o Haiti, país vítima de violentos terremotos no início do ano. A mostra itinerante é uma iniciativa da rede de pesquisa Slavery, Memory anda Citizenship (Tubman Institute/York University, CELAT/Université Laval, CIRESC/CNRS, LABHOI/UFF).

Fique ligado!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Conversas filosóficas

"Godard está para o cinema como Nietzsche está para a filosofia e Marcel Duchamp está para as artes visuais".


A frase acima é do palestrante do Ciência em Foco de 4 de dezembro: Jorge Vasconcellos, Doutor em Filosofia e professor da área de Arte e Pensamento na UFF. Em um rápido bate papo com a equipe, falou de sua experiência com a filosofia e o cinema, e compartilhou um pouco de sua visão acerca do homenageado Jean-Luc Godard.


De onde surgiu o interesse de pesquisa na relação entre cinema e filosofia? O que existe de comum em ambos os domínios?

Minhas pesquisas sobre as relações entre filosofia e cinema, na verdade, encontram-se no bojo de estudos mais amplos que versam acerca das relações entre arte e pensamento, nas quais a zona de contaminação entre filosofia e cinema possui papel preponderante. Isso tanto é verdade que, no momento, trabalho mais com literatura (Scott Fitzgerald) e artes visuais (Hélio Oiticica) do que cinema propriamente dito.

Claro que o cinema, como matriz dos processos de realização audiovisuais continuam, e muito, me interessando. Haja vista que um de meus vértices de pesquisa é a obra performática e visual de Matthew Barney, artista estadunidense que trabalha em uma rica zona de fronteira entre as artes visuais, a performance e a vídeo-arte. Elaborando sua prática artística no espaço que se convencionou chamar de cinema expandido.

Sobre a segunda parte de sua pergunta, sobre o que há comum entre cinema e filosofia, diria apenas que encontramos em ambos formas de pensamento. Enquanto um cineasta pensa por intermédio de imagens, o filósofo nos apresenta conceitos como seu instrumento de pensar.

Você escreveu o livro Deleuze e o Cinema. O fato de o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995) ter criado uma obra que dialoga com as artes e a ciência poderia dizer algo a respeito do papel do filósofo?

Desde Deleuze e seu projeto de investigação filosófica sobre as imagens do cinema, não foi mais possível pensar os filmes da mesma maneira. Desde então, somente foi possível falar, analisar criticamente os filmes levando em conta as considerações e os conceitos deleuzianos acerca das imagens cinematográficas. O trabalho de GD foi determinante para o que aqui denominamos de constituição de uma nova teoria da imagem. A importância desta nova teoria da imagem constituída, principalmente, nos dois livros – Cinema1: A imagem-movimento (1980) e Cinema2: A imagem-tempo (1985) - que GD dedicou ao audiovisual pode, a nosso ver, ser destacada a partir de três pontos fundamentais.

Em primeiro lugar, no plano especificamente teórico, isto é, sua presença nos bancos universitários, na fortuna crítica dos professores e pesquisadores do audiovisual brasileiro, seu impacto nas dissertações e teses acadêmicas dos programas de pós-graduação. Em segundo lugar, na mídia de divulgação e nos cursos livres não universitários, versando sobre arte em geral, cinema e audiovisual em particular. E, enfim, em terceiro lugar, na produção de nossos realizadores, sejam eles jovens postulantes a cineastas ou em diretores com obra já consagrada.

Por outro lado, não diria propriamente que a obra filosófica deleuziana dialogaria com as artes e as ciências, em especial as primeiras, pois entendo que isto enfraqueceria o projeto filosófico do pensador francês. O que ocorre é mais radical que isso: as outras formas de produção de pensamento destacadas por GD, além da própria filosofia – as artes e as ciências – são, justamente, o que fazem a filosofia, o filosofar e os filósofos, hoje, saírem de sua imobilidade. Dito de outro modo, o não filosófico (a arte e a ciência) é constitutivo no projeto filosófico deleuziano.

Seria possível pensar em uma certa popularização ativa destes domínios, a partir de sua obra?

Creio que a filosofia e muito menos o cinema precisaram de Deleuze para “retomar” algum tipo de popularidade, que, em meu entender, jamais perderam. Talvez a maior contribuição deleuziana seja realmente no campo conceitual filosófico, pois estamos com GD no plano de uma radical construção de conceitos, que, a despeito de serem rigorosamente filosóficos, estão imanentemente articulados às artes, em especial, por ele analisadas.

Godard completa 80 anos no dia 3 de dezembro, e este ano ele lançou seu mais novo filme, 'Film socialisme', exibido no Festival do Rio. De que modo ele consegue, através das imagens, ser tão inovador ainda hoje?

(Alphaville)

Godard, em meu entender, é, de fato, o primeiro cineasta. Não o primeiro em sentido cronológico evidentemente, mas aquele que primeiramente levou o cinema à sua maior radicalidade. Ele é, simultaneamente, o último grande cineasta moderno e o primeiro realizador cinematográfico contemporâneo. Ele está para o cinema como Nietzsche está para a filosofia e Marcel Duchamp está para as artes visuais. Desenvolverei melhor essa ideia, que é, na verdade, uma hipótese teórica, em minha fala no cineclube do Ciência em Foco, à guisa de conversarmos sobre os oitenta anos de JLG, partindo da exibição de seu Alphaville.

Você frequenta ou já frequentou, como palestrante ou espectador, algum outro cineclube? Como você avalia a importância deles?

Aliás, minha formação de cinéfilo e estudioso do cinema se deu inicialmente na frequentação de cineclubes. Em primeiro lugar, em cineclubes escolares, ainda no antigo segundo grau – hoje Ensino Médio – em Niterói. Tenho total apreço por ver filmes coletivamente e conversar sobre eles. Acredito que seja um espaço de formação coletiva e comum do que é propriamente o cinema. A propósito, acabei de chegar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, advindo de uma participação de um Evento mensal, realizado por seu Programa de Pós-graduação em Filosofia, intitulado CINESOPHIA, no qual falei após a exibição de A erva do rato, o mais recente filme de Júlio Bressane.

Como conhecer mais das suas produções?

Bem, meus textos que articulam cinema e filosofia, além de meu livro Deleuze e o Cinema (Editora Ciência Moderna), estão dispersos por livros organizados, por artigos para periódicos de artes filosofia, comunicação e educação e ensaios publicados em algumas revistas como a FILME CULTURA do MinC. Penso em algum momento eu mesmo fazer um Blog, quem sabe?



Quem quiser falar diretamente com o Jorge, escreva para: jorgevasconcellos@ymail.com

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ouço, logo vejo. Vejo, logo sinto.

Filmes brasileiros com legenda oculta (CC) e audiodescrição (AD), dirigidos especialmente ao deficiente auditivo e surdo e ao deficiente visual e cego, são exibidos um fim de semana por mês no CCBB-RJ. Em novembro, as sessões acontecem dia 27 e 28. A entrada é franca e a senha é retirada no local uma hora antes.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil
Cinema I - Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Bilheteria/Informações: Terça a domingo, das 9h às 21h Telefone: (21) 3808-2020

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Hoje é dia de índio


Começa amanhã, em diferentes espaços da cidade de Niterói, o IX Araribóia Cine. Esse ano, o festival, conhecido por promover debates com a presença dos realizadores após as sessões, terá como tema Fronteiras e Deslocamentos. A entrada é franca. Saiba mais sobre o evento, visitando o site.

Encontro de periferias no diálogo Caxias/Paris através do cinema

Começou no dia 18/11 e vai até dia 24/11 a Mostra Angu à Francesa de Filmes Nutritivos, no SESC Duque de Caxias, idealizado pelo tradicional Cineclube Mate com Angu. A mostra promove um intercâmbio entre as produções periféricas de Paris e Caxias a partir dos filmes. Para reforçar o diálogo, a mostra ainda conta com convidados internacionais, debates, oficinas e intervenções artísticas.

O SESC Duque de Caxias fica na Rua Gal. Argolo 74, no centro de Duque de Caxias. A entrada é franca. Aproveite esta festa. Programe-se e acompanhe o que já passou clicando aqui.

Mostra Angu à Francesa from kairós on Vimeo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ao mestre, com carinho


“Jean-Luc Godard é o primeiro cineasta: antes de todos os outros, formulou a mais vigorosa crítica do que é o cinema”. A frase de Jorge Vasconcellos, o palestrante do Ciência em Foco de 4 de dezembro, é um convite para a sessão de homenagem aos 80 anos do mestre das telas. O encontro terá início com a exibição da ficção científica Alphaville, que faz um diagnóstico tanto da modernidade quanto da arte moderna ao mostrar uma cidade em que todos são controlados por um supercomputador. O filme noir é ponto de partida para a discussão de Jorge Vasconcellos sobre como Godard, colocando em questão os clichês dos principais gêneros cinematográficos, reorientou a maneira de fazer e pensar o cinema.


Venha comemorar com a gente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Humano, demasiadamente humano


A 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul inaugurou sua programação no início do mês em algumas das 20 capitais em que será exibida. Dia 30, a Mostra vem para o Rio de Janeiro, oferecendo ao público sessões gratuitas em salas acessíveis para pessoas com deficiência. A Mostra é um convite ao olhar e à sensibilidade cinematográficos, que traduzem temas atuais de Direitos Humanos e despertam a reflexão e a construção de identidades na diversidade. Participe!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cinema da diversidade sexual


Começa hoje em São Paulo e dia 26 no Rio de Janeiro o 18º Festival Mix Brasil de cinema da diversidade sexual. Através de 34 longas e 71 curtas selecionados, o público poderá conhecer os sonhos, dramas e fantasias de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e seus simpatizantes de 28 países. O festival irá exibir cinematografias de lugares onde ainda se enfrentam grandes preconceitos, como Mongólia e Cingapura, e de lugares com uma produção pouco conhecida, como Bolívia, Sérvia e Bahamas. Sem faltar o melhor dos EUA, França, Inglaterra, Dinamarca e Canadá e outros países que estiveram presentes no Festival desde o começo.
Fique por dentro da programação nos estados visitando o site do evento!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Cinema gratuito


Atenção, atenção: o Cine Ciência convida você para mais um sábado de cinema e papo cabeça. O filme escolhido para o dia 13 é Piratas da Informática (EUA, 1999, 95 min), que conta a história da criação das empresas Apple e Microsoft e do relacionamento entre Steve Jobs e Bill Gates. A direção é de Martyn Burke.

O cineclube do Museu de Astronomia exibe filmes relacionados a temas científicos todo segundo sábado do mês, seguido por debates, sempre às 16h. A entrada é franca e a classificação indicativa é de 16 anos. Os espectadores precisam retirar senha na recepção do Museu 30 minutos antes da atividade.

O MAST fica localizado na R. General Bruce, n. 586, São Cristóvão. Tel: (21) 35145200.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Antecipar o futuro, limitar o presente

Neste último sábado, o Ciência em Foco exibiu Minority report (E.U.A., 2002), um dos filmes de ficção-científica mais instigantes de Steven Spielberg, baseado na obra de Philip K. Dick. Igualmente instigante foi a fala do filósofo Paulo Vaz após a sessão. O professor da ECO/UFRJ propôs uma reflexão sobre o modo como experimentamos o tempo, ou ainda - para utilizar suas palavras -, sobre o modo como habitamos o tempo, fazendo de fato uma história do futuro, ou seja, lançando um olhar sobre a história, de modo a buscar uma compreensão de como o futuro era imaginado através dos séculos, ora como redenção, ora como utopia, e atualmente, enfim, como lugar inevitável de tragédias e sofrimentos que podem ser evitados, no presente.

Um exemplo claro seria o da medicina contemporânea, que nos alerta que ficaremos doentes bem antes da experiência da doença (o que é, de fato, um modo de viver a doença antes dela acontecer), ou mesmo com relação ao crime e ao terrorismo, quando certos indivíduos podem ser encarcerados apenas pelo risco que oferecem à liberdade do outro. Um outro exemplo importante, na política, seria o da guerra preventiva, supostamente criada para se evitar futuros conflitos de maior amplitude.

De acordo com Paulo, este modo contemporâneo de habitar o tempo, que ressoa de modo claro e provocativo na ficção de Spielberg/Dick, faz com que cada vez mais, na busca por antecipar, de modo preciso, tragédias ou sofrimentos futuros, ignoremos o acaso e nos afastemos do nosso presente, daquilo que nele é possibilidade para o novo. Fiquem ligados pois, em breve, disponibilizaremos aqui no blog o áudio da palestra e do debate desta sessão, inaugurando o podcast do Ciência em Foco.

Nossa próxima sessão, a última da temporada 2010, acontece dia 4 de dezembro e será uma homenagem ao cineasta Jean-Luc Godard, que completará 80 anos um dia antes da sessão. Exibiremos o filme Alphaville (França, 1965), seguido da palestra Jean-Luc Godard e o pensamento-cinema, com nosso convidado Jorge Vasconcellos, doutor em Filosofia pela UFRJ, professor da área de Arte e Pensamento da UFF e autor do livro Deleuze e o cinema. Divulguem, e até lá!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A ética em Philip K. Dick


"A grande tese de Dick é que, uma vez que não podemos saber o que é o ser humano, nem o que é realidade, qualquer ideia fixa sobre o que é real ou o que é o sujeito é destruída. Diante disso, o que resta? A liberdade, a espontaneidade, o agir moral, a preocupação com o outro" — diz Jurandir Freire Costa.

Philip K. Dick, autor do conto Minority report, adaptado para o cinema por Steven Spielberg, é um dos pricipais personagens do novo livro do psicanalista Jurandir: O ponto de vista do outro: Figuras da ética na ficção de Graham Greene e Philip K. Dick.

Quer saber mais sobre como a obra de Dick desperta discussões éticas? Confira a entrevista com o psicanalista feita pelo O Globo Online (30/10/2010).
Sábado, às 16h, te esperamos aqui para a exibição de Minority report e a palestra “Habitações do tempo: a passagem da cultura moderna à contemporânea”, com o filósofo Paulo Vaz!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Viva o cinema latino-americano!

Quer conhecer mais de produções latino-americanas exibidas em circuitos alternativos? Se interessa por discussões sobre paisagens naturais e pequenas cidades? Então, prepare-se: entre 8 e 12 de novembro, o Fórum de Ciência e Cultura e o Cineclube Cinerama da UFRJ convidam para a Mostra Fronteiras do Cinema Latino-Americano. As sessões são gratuitas e acontecem no Fórum, sempre às 19h. No dia 9, após a exibição de Hamaca Paraguaya, haverá um debate com os professores de letras Adalberto Müller e Hernán Ulm.


O Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ fica localizado na Av. Pasteur, 250, 2º andar - Urca. O telefone para contato é: 2295-1595.


Confira a programação


2ª feira -. 8 de novembro
Los Muertos
Direção: Lisandro Alonso
2004, Argentina, 78 min., cor, falado em espanhol, legendas em português
Um homem por volta de sessenta anos sai da prisão onde permaneceu por muitos anos. O personagem inicia uma longa jornada de volta para casa. No caminho entrega uma carta à filha de outro preso, compra doces para a sua filha sem nem ao menos saber direito sua idade, antes de iniciar seu longo retorno de canoa pelo interior da floresta na busca pelos seus “mortos”. A realidade não é mais aquela que ele deixou e sim a que vive apenas em sua memória.

3ª feira -. 9 de novembro
Hamaca Paraguaya
Direção: Paz Encina
2006, Paraguai, 73 min., cor, falado em espanhol, legendas em português.
Trata-se, na realidade, de uma não-ação, uma inação que se passa em 1935. À espera do retorno do filho que foi para a guerra Del Chaco, acompanhamos a rotina de um casal de camponeses idosos. Ele envolvido na colheita da cana, ela nos afazeres domésticos. Pouco acontece naquele lugar, e tudo que resta àqueles personagens é discutir entre si e reclamar – do calor, do cachorro. Eles vivem a espera do frio, da chuva, do filho e de dias melhores.
Após a sessão haverá debate

4ª feira - 10 de novembro
Japón
Direção: Carlos Reygadas
2002, México, 126 min., cor., falado em espanhol
O filme acompanha um homem que atravessa uma grave crise existencial. Ele deixa seu apartamento e parte para um acampamento no intuito de se preparar para sua morte. Na imensidão da natureza selvagem ele procura respostas. Encontra uma viúva de um velho índio. Uma relação que oscila entre a crueldade e o lirismo despertando os instintos do personagem.

5ª feira -. 11 de novembro
La mujer sin cabeza
Direção: Lucrecia Martel
2008, Argentina, 87 min., cor, falado em espanhol, legendas em espanhol
Mulher está dirigindo sozinha em uma auto-estrada. Em um momento de distração ela bate em algo, mas vai embora sem ter certeza do que aconteceu. Nos dias que se seguem ela se mostra desconexa da realidade e dos eventos a sua volta. Mesmo a policia confirmando que não houve nenhuma queixa de acidentes naquela área, ela fica obcecada com a possibilidade de ter matado alguém. A vida volta ao normal até uma inesperada revelação.

6ª feira -. 12 de novembro
La liberdad
Direção: Lisandro Alonso
2001, Argentina, 73 min., cor, falado em espanhol, legendas em português.
Misael vive na imensidão de uma montanha. Trabalha como lenhador. Ele vive apenas com o indispensável e sem nenhum contato com as pessoas. O personagem gosta de viver cada minuto de sua vida através de pequenos movimentos investigando sua maneira de estar no mundo.