quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A arte e a insistência do passado no presente



No primeiro sábado de dezembro, aconteceu o encerramento da temporada 2014 do Ciência em Foco. Para encerrar um ano repleto de sessões que tematizaram as tensões entre artes, ciências, o pensamento e o olhar histórico sobre a vida, tivemos a honra de receber a professora da Escola de Comunicação da UFRJ, Anita Leandro, doutora em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Université Paris III (Sorbonne-Nouvelle), que conversou com o público após a exibição do filme que ela dirigiu, Retratos de identificação (Brasil, 2014), totalmente feito a partir de arquivos da ditadura.

Dentre os muitos silêncios evocados pelos perturbadores relatos e documentos mostrados, Anita salientou o papel diferencial da arte, quando aliada à pesquisa historiográfica. O artista, o cineasta, ao se debruçar sobre os arquivos e sobre as imagens do passado, é capaz de produzir imagens que provocam nosso olhar para além da objetividade da pesquisa histórica. É o momento em que o documentário revela suas estratégias narrativas, com o intuito de explicitar algo que não fora visto até então. Cinquenta anos após o golpe militar, o olhar trazido pelos arquivos pesquisados por Anita trazem uma luz renovada sobre um passado que insiste em nosso presente.

A inauguração da temporada 2015 do Ciência em Foco acontecerá no dia 7 de março de 2015. Teremos a alegria e a honra de receber, como convidado, o filósofo e professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC-Rio, Maurício Rocha, doutor em Filosofia pela PUC-Rio. Maurício apresentará uma palestra após a exibição do filme Bastardos inglórios (Inglourious basterds, 2009), de Quentin Tarantino. Anotem na agenda, fiquem ligados no blog e acompanhem-nos nas redes sociais para maiores informações. A equipe agradece aos nossos frequentadores presenciais e virtuais, desejando a todos boas festas e um expressivo 2015, repleto de filmes, ideias e realizações! Até breve!



 
Fotos: Marco Fernandes/Adufrj-SSind

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Videocast - Feitiço do tempo / Ricardo Kubrusly


Já está no ar mais um videocast do Ciência em Foco. Agora todos podem conferir a palestra que aconteceu após a exibição do filme Feitiço do tempo (1993), de Harold Ramis, na sessão de fevereiro de 2014, que contou com a participação do poeta e matemático Ricardo Kubrusly, professor do Instituto de Matemática da UFRJ e coordenador do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ). Ele apresentou a palestra "Do Tempo, o que se diz?".

Na palestra, Ricardo evocou a figura de Zenão de Eleia para pensar a repetição a partir dos paradoxos temporais trazidos pelo pensador pré-socrático. Seu pensamento funcionou como ponto de partida para uma reflexão que invade diversos domínios, abordando a experiência humana do tempo e o caráter cinematográfico da vida, associado à ilusão do movimento. Aproveitem!



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Pesquisa e cinema reescrevem a história

 
 
No dia 6 de dezembro, Ciência em Foco apresenta o filme Retratos de identificação (Brasil, 2014), de Anita Leandro, acompanhado  de uma conversa após sessão com a própria autora.

Anita, que é professora da Escola de Comunicação da UFRJ, produz este documentário dentro de um projeto mais amplo de elaboração de uma memória coletiva sobre o passado recente do Brasil. Reúne, após 4 anos de pesquisa, uma documentação inédita relacionada à prisão, tortura, morte e banimento de presos políticos.

Como ela mesma afirma, “o combate à esquerda armada no Brasil foi uma política de governo minuciosamente documentada pelos militares, dando origem a um acervo de imagens e textos que demanda, hoje, um tratamento especial por parte do cinema”.

No ano do cinquentenário do golpe militar e diante da possibilidade de acesso público a arquivos antes secretos, pertencentes a órgãos de repressão política como o DOPS da Guanabara, este filme inscreve-se na luta social em defesa do direito à informação, à memoria e à verdade histórica no contexto da construção da democracia no Brasil.

O documentário, realizado pela UFRJ e pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, chama a atenção para o fato de que  “os documentos, produzidos pela polícia segundo uma lógica de controle, de identificação dos prisioneiros, contribuem, agora, para identificar os próprios crimes cometidos pelos militares”, destaca Anita Leandro, que também é doutora em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Université Paris III (Sorbonne-Nouvelle).

Após esta última apresentação do semestre, Ciência em Foco voltará a exibir um filme seguido de debate a partir de março de 2015, sempre no primeiro sábado de cada mês. O objetivo é estimular a produção e circulação de novas ideias. A entrada é franca.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Videocast - Um lugar na plateia / André Martins

Já está no ar mais um videocast do Ciência em Foco. Agora todos podem conferir a palestra que aconteceu após a exibição do filme Um lugar na plateia (2006), de Danièlle Thompson, na sessão de setembro de 2013, que contou com a participação do professor da UFRJ André Martins, doutor em Filosofia pela Université de Nice, França, e em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. Ele apresentou a palestra Reflexões sobre o sentido imanente da vida.

Na palestra, André convidou o público a pensar sobre o sentido da vida a partir da experiência existencial da personagem principal do filme, e da relação que estabelece com seu novo convívio social em Paris. Evocando o pensamento de Spinoza, André trouxe elementos para se pensar a vida e a potência de viver, situando-a para além dos constrangimentos que o mundo contemporâneo e as demandas do sucesso impõem. Aproveitem!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Entre o ruído e o murmúrio


No último sábado, dia 1/11, o Ciência em Foco recebeu o professor titular da Escola de Serviço Social da UFRJ, Giuseppe Cocco, para conversar com o público após o filme O som ao redor (Brasil, 2012), de Kleber Mendonça Filho.

No primeiro final de semana após as eleições, a sessão funcionou como um balanço crítico dos movimentos que atravessam a vida política contemporânea, a sua relação com as cidades e o cenário urbano, destacando as novas configurações sociais que cada vez mais surgem como vozes dissonantes, murmúrios em meio aos ruídos do desenvolvimento. Giuseppe destacou, no filme, a sutileza da direção e o uso preciso do som, como marca profética de uma tensão que viria a explodir, de acordo com ele, nas manifestações de junho de 2013 em todo o Brasil.

Nossa próxima sessão, que acontece em 6 de dezembro, marcará o encerramento do ciclo 2014 do Ciência em Foco. A programação será confirmada em breve. Fiquem ligados!





quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A classe ao redor



O filme 'O som ao redor' apresenta uma atmosfera de tensão, de ruas assombradas por muros e seguranças. O som que ouvimos é de dois tipos: por um lado, o ruído ensurdecedor de uma classe média ao mesmo tempo decadente e emergente; pelo outro, o murmúrio da multidão dos pobres. Entre o ruído e o murmúrio, como pensar a produção de novos valores no Brasil de hoje?

Logo após o filme, haverá a palestra/debate A classe ao redor, ministrada por Giuseppe Cocco, cientista político, Doutor em História Social pela Université Paris I (Panthéon-Sorbonne), professor titular da Escola de Serviço Social da UFRJ.

Dia 1º de novembro, às 16h, na Casa da Ciência da UFRJ. A entrada é franca!

O filme será exibido com legendas em português, e haverá tradução Português/Libras durante a palestra, caso seja necessário. (Agradecemos o contínuo apoio da APILRJ - Associação dos Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais do Rio de Janeiro)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Arte, verdade e ilusão

A arte e a ilusão da verdade, ou "a mentira que nos permite perceber a verdade", como disse Picasso. Já está no ar o podcast com o professor de Teoria da Literatura e Literatura e Cinema da UFF, Adalberto Müller, sobre o filme "Verdades e mentiras" (F for fake, 1973), de Orson Welles. Acredite no falso e ouça o podcast, que é verdadeiro!
Clique abaixo para ouvir a palestra (56min.) ou baixe aqui o arquivo zipado (51MB).






terça-feira, 30 de setembro de 2014

Intolerância e liberdade de pensamento


Clique na imagem para ampliar.

Como você reagiria se por lei do Estado fosse proibido ensinar nas escolas públicas a teoria evolucionista, desenvolvida em meados do século XIX pelo naturalista inglês Charles Darwin? Pois foi o que aconteceu ao professor de biologia John Thomas Scopes, na cidade de Dayton, em pleno século XX (1925) no estado americano do Tennessee e que o filme de Stanley Kramer, "O Vento Será Tua Herança" (Inherit the Wind – E.U.A., 1960), aborda na sessão do dia 4 de outubro, no Ciência em Foco. Em seguida ao filme, haverá a palestra/debate Vários rounds... e o ringue segue armado, com Valéria Wilke, professora do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da UNIRIO.

A produção estadunidense foi adaptada da peça homônima de Jerome Lawrence e Robert Edwin Lee escrita em 1951 e estrelado por Spencer Tracy, Fredric March e Gene Kelly. Trata-se de uma ficção amparada em um caso real: o Julgamento do Macaco (“Monkey Trial”), como ficou conhecido, em que é possível acompanhar o confronto entre perspectivas religiosas e a ciência.

O julgamento, que  durou 11 dias e foi o primeiro a ser transmitido pelo rádio, aparece nesta versão cinematográfica atravessado por outras questões que para a professora Valéria Wilke merecem destaque: “o filme convida-nos a discutir sobre a natureza do estado laico e sua relação com as religiões, quem pode ensinar e o que se pode ensinar às crianças, e sobre a liberdade do pensamento”.

A intransigência do juiz em meio a batalha judicial, que impediu a defesa de apresentar cientistas como testemunhas em favor da teoria da evolução, também alude a outro momento da história americana, o macartismo. Nesse período, que vai  de fins da década de 1940 a meados da década de 1950, ocorreu intensa perseguição política e desrespeito aos direitos civis. A obra de Jerome Lawrence também surge como forma de denuncia a esta violência do Estado sobre aqueles que não concordavam com as ideias  preconizadas nos EUA durante a chamada Guerra Fria.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A memória e a potência presente das imagens



No sábado, dia 6 de setembro, o Ciência em Foco exibiu a obra-prima de Eduardo Coutinho, Cabra marcado para morrer (1984), que completa 30 anos de lançamento em 2014. Para debater com o público, tivemos a honra de contar com a presença de César Guimarães, professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, que aceitou o desafio e fez uma emocionante leitura do filme, a partir da conexão de reflexões filosóficas acerca da história que partiram de uma conversa com o próprio Coutinho, dialogando com as elaborações conceituais de Walter Benjamin.

César propôs uma conversa com outras leituras e textos já escritos sobre o filme, ensaiando uma nova abordagem. Sua aposta é a de que o filme apresenta uma maneira peculiar de se relacionar com o material histórico do qual se vale, caracterizado pela forma de mostrar o irreparável das vidas dilaceradas pela experiência histórica da violência e da repressão do regime militar. Quando o filme se volta para o resgate de elementos do passado, ele não estaria apenas preocupado em efetuar uma reparação com relação às injustiças que outrora aconteceram, preenchendo o vazio da História: a propriedade criativa da montagem e os recursos que o cinema oferece produziriam também um embate para todos que o assistem no presente, tornando visível este vazio e implicando o espectador na experiência histórica que o filme evoca. Uma sessão memorável, que fez vibrar no presente a potência das imagens ligadas à memória de Eduardo Coutinho.

Nossa próxima sessão acontecerá no dia 4 de outubro, sábado anterior ao dia das eleições no Brasil. Exibiremos o filme O vento será tua herança (Inherit the wind - E.U.A., 1960), clássico de Stanley Kramer.  Teremos a honra e a alegria de contar, como convidada do mês, com Valéria Wilke, diretora e professora da Faculdade de Filosofia, do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da UNIRIO, que ministrará a palestra Vários rounds... e o ringue segue armado. Programem-se e divulguem! Até lá!



segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Videocast - Você não conhece Jack / Rachel Aisengart Menezes

Já está no ar mais um videocast do Ciência em Foco. Agora todos podem conferir a palestra que aconteceu após a exibição do filme Você não conhece Jack, de Barry Levinson, na sessão de dezembro de 2013, que contou com a participação de Rachel Aisengart Menezes, médica e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (IESC/UFRJ). Ela apresentou a palestra Autonomia individual e gestão do morrer na contemporaneidade.

Na palestra, Rachel mobiliza questões éticas e políticas ligadas às novas tecnologias e a autoridade do saber médico. Além de trazer reflexões sobre a ideia moderna de morte e os cuidados paliativos no final da vida, a palestra nos convida a pensar sobre as relações saúde/doença, ciência/sociedade, assim como sobre as redefinições das noções de vida e identidade. Aproveitem!

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A eloquência da morte entre os vivos

 

Ciência em Foco apresenta em setembro o filme Cabra marcado Para morrer (Brasil, 1984), de Eduardo Coutinho, seguido de uma conversa com César Guimarães, Doutor em Estudos Literários pela UFMG, professor do Departamento de Comunicação Social e integrante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FAFICH-UFMG.

O tema do debate, A experiência histórica e o Irreparável, proposto por Guimarães, ganha ressonância na vibrante narrativa do filme, que dedica atenção especial à violência que se abateu sobre os camponeses nordestinos e sua luta política, a partir da constituição da Ligas Camponesas, em fins da década de 1950 e início dos anos 60.

Rompe-se, porém, as fronteiras entre a filmagem documental e ficcional, uma vez que imagens realizadas por Coutinho para o projeto de um filme sobre a vida e morte do líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, são interrompidas pelo Golpe de 1964. Boa parte da equipe é presa e o material filmado é apreendido pelas forças policiais. Somente 17 anos depois, Coutinho retoma o projeto, agora usando a projeção de imagens sobreviventes daquela ficção elaborada em 1964, e as atualiza historicamente com o depoimento dos próprios personagens que viveram de perto a supressão de suas liberdades de organização e manifestação política e cultural.

Como afirma o professor da UFMG, “o filme confronta o irreparável das vidas (que sobrevivem em imagens e sons) às forças políticas que procuraram destruí-las a todo custo”. Ganhador de inúmeros prêmios, Cabra marcado para morrer é, sem dúvida, a obra-prima de um dos maiores documentaristas brasileiros.

Com entrada franca, esta apresentação no Ciência em Foco dialoga com a Mostra Eduardo Coutinho, na exposição “De Olho na Rua”, que permanece na Casa da Ciência até o dia 28 de setembro de 2014. (Mais detalhes sobre a exposição aqui.)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Videocast - Medeia / Alexandre Costa

Já está no ar mais um videocast do Ciência em Foco. Agora todos podem conferir a palestra que aconteceu após a exibição do filme Medeia, de Pier Paolo Pasolini, na sessão de julho de 2013, que contou com a participação de Alexandre Costa, professor do Departamento de Filosofia da UFF. Ele apresentou a palestra Pasolini e a tragédia do homem ocidental.

Convocamos a todos para pensar, juntos com Alexandre, sobre o aspecto trágico depreendido da relação entre o mundo arcaico e o mundo da razão, apresentada por Pasolini em sua releitura da tragédia de Eurípides.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Repensar a relação entre vida, capital e trabalho



No último sábado, o Ciência em Foco recebeu pela segunda vez a professora do Instituto de Matemática da UFRJ, Tatiana Roque. Doutora em História e Filosofia da Ciência pela UFRJ, Tatiana já havia participado da nossa sessão de setembro/2009. O filme Attention danger travail ("Atenção perigo trabalho", em uma tradução livre), documentário francês de 2003 realizado por Pierre Carles, Christophe Coello e Stéphanie Goxe, foi escolhido por Tatiana por levantar questões que nos forçam a pensar sobre o atual cenário do capitalismo global, que tem na estratégia de dignificação do trabalho um alicerce de manutenção das desigualdades sociais.

No Brasil, sobretudo após as grandes manifestações de junho/2013, há uma intensa onda de conscientização social em torno de discussões que ofereçam novas formas, mais potentes e menos desiguais, de pensar a política, a cooperação e a organização das cidades. Tatiana se apoiou, dentre outros, nas pesquisas do filósofo italiano Maurizio Lazzarato, que desenvolvem ideias novas a respeito da relação entre o capital, a vida e o trabalho. Se o capitalismo hoje não depende da indústria e de bens materiais, quando investe no conhecimento, nos corpos, na subjetividade e em diversos elementos da vida das pessoas, seria possível imaginar uma nova organização da sociedade, sensível à dimensão produtiva da própria vida, que não dependa do trabalho? A ideia de um sistema de renda garantida universal, evocada pelo filme, aparece como uma das formas privilegiadas, apontadas por Tatiana e Lazzarato, de subverter o cenário da repartição de riquezas.

Nossa próxima sessão acontece no dia 6 de setembro 2014. Faremos uma imperdível sessão-homenagem ao cineasta Eduardo Coutinho, exibindo sua obra-prima, Cabra marcado para morrer (Brasil, 1984). Como convidado do mês, teremos a honra e a alegria de conta com a presença de César Guimarães, professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, integrante do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FAFICH-UFMG. Ele apresentará a palestra A experiência histórica e o Irreparável. Fiquem ligados aqui no blog, no Facebook e no Twitter da Casa da Ciência, para saber maiores detalhes sobre a programação. Até lá!

Uma nota: quem tiver interesse em adquirir ou conhecer mais sobre o filme Attention danger travail, exibido no último sábado, bem como outras produções ligadas a ele, não deixe de visitar o site da produtora: www.rienfoutre.org






terça-feira, 22 de julho de 2014

Atenção, perigo, trabalho: a emancipação pelo ócio


O trabalho dignifica o homem!?  No filme “Attention Danger Travail,”  (França, 2003), de Pierre Carles, Christophe Coello e Stéphane Goxe, esta máxima da moral liberal é posta em questão. Inaugurando as atividades neste 2º semestre, Ciência em Foco promove no dia 2 de agosto, após a sessão, o debate Direito à preguiça, recusa do trabalho, com Tatiana Roque, Doutora em História e Filosofia da Ciência, professora do Instituto de Matemática da UFRJ.
 
O registro de vários depoimentos e cenas alusivas ao mundo do trabalho, encadeados por um roteiro costurado com argúcia e fina ironia, apresenta uma subterrânea resistência que se espalha pela França aos modelos de progresso e também às formas de produção e consumo no sistema capitalista.
 
Segundo a professora Tatiana Roque, a recusa deliberada ao trabalho engendra uma leitura distinta daquela oferecida pelas tradicionais lutas por reivindicações trabalhistas, amparadas pelas concepções dominantes na esquerda. Trata-se da ideia de rechaçar os papéis que nos são atribuídos e que nos transformam em consumidores e agentes do capitalismo.
 
O filme, de acordo Tatiana, nos sugere “o desafio de criar comportamentos de recusa do trabalho assalariado que permitam interromper o círculo vicioso da produção, da produtividade e dos produtores - no qual estamos todos imersos, trabalhadores ou não.” 
 
Sempre no primeiro sábado de cada mês, Ciência em Foco exibe um filme seguido de debate. O objetivo é estimular a produção e circulação de novas ideias. A entrada é franca.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Os corpos performáticos da atualidade



No primeiro sábado de junho, o Ciência em Foco recebeu a professora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ieda Tucherman, que participou do cineclube pela segunda vez. Ela já havia colaborado conosco há cinco anos atrás, e sua participação resultou em um dos capítulos do nosso segundo livro. Desta vez, Ieda nos ofereceu uma reflexão sobre modos singulares de se perceber o corpo e a sexualidade feminina na época contemporânea, desdobrada da exibição prévia do filme Jovem & Bela (Jeune et jolie), de François Ozon.

Ieda analisou o valor atribuído à juventude e à beleza em momentos específicos da história, passando pelos herois gregos, a contracultura dos anos 60 até chegar nos dias atuais, quando a juventude aparece reapropriada pelo mercado, alinhada ao consumo e à lógica capitalista. Neste cenário de resistência ao envelhecimento, deslocada de sua relação com a contemplação, a beleza pode ser hoje considerada um capital social. Em conjunto com a juventude, ela pauta novas formas efêmeras de relação com o corpo e o desejo.

Em julho, devido ao período da Copa do Mundo, não haverá sessão. Retornaremos em agosto com uma sessão exclusiva do filme Attention Danger Travail (França, 2003), de Pierre Carles, Christophe Coello e Stéphane Goxe. Como convidada do mês, teremos a honra e a alegria de contar novamente com Tatiana Roque, doutora em História e Filosofia da Ciência, professora do Instituto de Matemática da UFRJ. Ela ministrará a palestra Direito à preguiça, recusa do trabalho. Anotem na agenda, divulguem e não percam!






quarta-feira, 28 de maio de 2014

A beleza como mercadoria



O cineclube Ciência em Foco apresenta, na última sessão do semestre, o filme Jovem e Bela (Jeune et jolie - França, 2013), de François Ozon, acompanhado da palestra: “Juventude e beleza: a vida como negócio”, com Ieda Tucherman, professora da Escola de Comunicação da UFRJ.

Autora de vários ensaios e do livro Breve história do corpo e de seus monstros, Ieda promete tocar no ponto nevrálgico do filme: por que a linda Isabelle, protagonista interpretada por Marine Vacth, personagem de família com recursos e sem maiores dramas psíquicos, opta por prostituir-se?

Esta indagação permanece ao longo do filme de Ozon, que foi indicado em 2013 para a Palma de Ouro, em Cannes.

Para a professora Ieda, “o filme propõe um capital centrado no corpo, a partir dos dois valores máximos da atualidade: juventude e beleza. O que nos é apresentado é uma sociedade de mercado e Ozon torna isto evidente não gerando nenhuma causalidade material ou psíquica para a decisão da jovem bela de prostituir-se.”

Se esta falta de propósito pode gerar no espectador certo desassossego, será desta inquietação que surge uma questão básica tratada por Ozon e que será abordada por Ieda Tucherman em sua conversa com o público: “há algum espaço para o afeto nesta sociedade que precifica tudo?”

terça-feira, 20 de maio de 2014

Beleza como mercadoria


No último Ciência em Foco do semestre, dia 7 de junho, você tem um encontro marcado com o filme de François Ozon, Jovem e bela (Jeune et jolie - França, 2013), e com Ieda Tucherman, professora da Escola de Comunicação da UFRJ, que retorna ao Ciência em Foco com a palestra Juventude e beleza: a vida como negócio. Fiquem ligados para maiores informações, e anotem na agenda!

terça-feira, 6 de maio de 2014

Os medicamentos e as intervenções químicas na vida


No último sábado, o público esteve novamente presente em peso para acompanhar a sessão de maio do Ciência em Foco, que apresentou o filme Terapia de risco, de Steven Soderbergh, seguido da palestra Químicas na vida: medicamentos e subjetividades, ministrada por Rogerio Lopes Azize (doutor em Antropologia pelo Museu Nacional/UFRJ e professor do Departamento de Ciências Sociais da UFF/PUCG). A sessão propôs um diálogo com a exposição Cadê a química?, atualmente em cartaz na Casa da Ciência da UFRJ.

Rogerio partiu do pano de fundo do filme, que aborda a indústria farmacêutica e sua relação com os médicos psiquiatras. Foram aprofundadas com o público questões envolvendo não apenas a presença cada vez maior de intervenções químicas em nossas vidas, como a própria tendência de se definir a vida em termos bioquímicos. Apresentando situações que borram as fronteiras entre Natureza e Artifício, o filme nos convida a pensar sobre as compomentes políticas e sociais que atuam no processo de construção das "verdades" sobre nossa subjetividade, disseminadas no cotidiano.

Nossa próxima sessão acontecerá no sábado, dia 7 de junho de 2014. Teremos a honra e alegria de receber, pela segunda vez, Ieda Tucherman, professora da Escola de Comunicação da UFRJ. A programação será confirmada em breve, fiquem lidados! Sigam acompanhando nosso blog, o perfil da Casa da Ciência no Facebook e no Twitter para maiores informações. Caso ainda não recebam nossa divulgação, é só nos enviar um email pedindo para assinar a nossa mala-direta eletrônica. Até lá!






quarta-feira, 30 de abril de 2014

Terapias de risco numa sociedade enferma




Ciência em Foco apresenta dia 3 de maio o filme Terapia de risco (Side effects - E.U.A., 2013, 106 min), de Steven Soderbergh, e traz como convidado do mês Rogerio Lopes Azize, Doutor em Antropologia pelo Museu Nacional – UFRJ e professor do Departamento de Ciências Sociais da UFF/PUCG. Azize conversará com o público sobre “Químicas na vida: medicamentos e subjetividades”. A palestra ocorre logo após o filme, que será exibido às 16h.

A trama de Terapia de risco, com roteiro de Scott Z. Burns (o mesmo de Contágio), apresenta Rooney Mara como protagonista, no papel de Emily. Ela busca por um equilíbrio emocional e a terapia a que se submete em muito supera a adoção de remédios contra a ansiedade. Revela os efeitos colaterais do adoecimento da uma ordem social. Adoecimento provocado pela lógica capitalista em meio a um EUA em crise, em que tudo se mercantiliza, expondo os limites da própria condição humana.

Para Rogerio Lopes Azize, "Terapia de risco é protagonizado por atores, atrizes e medicamentos. Estes objetos vivos atravessam a trama, problematizando uma medicalização da vida cotidiana, dos afetos e das subjetividades. Entram em cena representações atuais sobre a forma como encaramos os limites entre saúde e doença, além do papel da medicina e da indústria farmacêutica.”

Soderbergh anunciou que este será seu último filme para o cinema. Segundo a crítica, sua obra - especialmente dos últimos anos, que inclui a série iniciada com Onze homens e um segredo e Magic Mike -, o diretor tem investigado os efeitos do capitalismo sobre a vida das pessoas comuns, evidenciando suas contradições.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Transpondo os limites entre a pintura e o cinema


No primeiro sábado de abril, o Ciência em Foco exibiu o filme O moinho e a cruz, de Lech Majewski, seguido da palestra Com quantos frames se faz uma tela? O paradoxo das histórias pintadas e da pintura em movimento, ministrada pela professora e coordenadora do mestrado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada do PPGL-UERJ, Carlinda Nuñez, doutora em Ciência da Literatura/UFRJ, com pós-doutorado na Univ. de Freiburg, Alemanha.

Valendo-se de um quadro de Pieter Brueghel, o filme de Majewski foi o ponto de partida para uma deliciosa tarde de reflexões em torno dos temas motivados pelo cinema e pela pintura, tais como as fronteiras entre e realidade e a ficção, sugeridas e questionadas pelo trânsito entre arte, filosofia, política e história. As propriedades que fazem com que a obra cinematográfica de Majewski não seja nem um documentário e nem uma adaptação da pintura de Brueghel, aproximam sua empreitada dos traços mais marcantes ligados às pesquisas da arte na atualidade, com sua fragmentação e com sua fuga às definições acabadas, à objetividade científica, deslocando e multiplicando as perspectivas e possibilidades de leituras.

Nossa próxima sessão acontecerá no sábado, dia 3 de maio de 2014. Por conta da chegada da exposição Cadê a química?, em cartaz na Casa da Ciência, nossa programação trará uma proposta de reflexão bastante atual sobre a medicalização da vida contemporânea: exibiremos o filme Terapia de risco (Side effects - E.U.A., 2013), de Steven Soderbergh, seguido da palestra Químicas na vida: medicamentos e subjetividade. Teremos a honra e a alegria de receber, como nosso convidado do mês, Rogério Lopes Azize, doutor em Antropologia pelo Museu Nacional/UFRJ  e professor do Departamento de Ciências Sociais da UFF/PUCG.

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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Conversações - O moinho e a cruz

Nesta edição de Conversações, recebemos a colaboração de nossa convidada de abril, Carlinda Nuñez, que ministrará a palestra Com quantos frames se faz uma tela? O paradoxo das histórias pintadas e da pintura em movimento, após a exibição do filme O moinho e a cruz (Bruegel, le moulin et la croix, 2010), de Lech Majewski.


COM QUANTOS FRAMES SE FAZ UMA PINTURA?
O paradoxo das histórias pintadas e da pintura em movimento


No filme de Lech Majewski, O Moinho e a cruz (Suécia / Polônia, 2010, 97min), uma tela do pintor Pieter Brueghel se vai montando, adquire vida: reconstitui a problemática política de sua época (séc. XVII) a partir do contraponto com a história sagrada, o que torna a narrativa enigmática, multiperspectivada (porque é uma construída em diversos patamares) e complexa.

 

Duas são as principais fontes do trabalho cinematográfico que o diretor polonês Lech Majewski explorou para produzir a sua obra de arte fílmica: a tela de Brueghel, O Caminho para o Calvário, pintada em 1564 e pertencente ao acervo do MuseuHistórico de Viena, e o livro que empresta seu título ao filme, de Michael Francis Gibson (The University of Levana Press, 2012), crítico e historiador de arte, pesquisador de altíssimo nível, mas independente do circuito acadêmico, que a analisa em detalhes minuciosos e imperceptíveis a olho nu.






O filme é o resultado do bem-sucedido encontro de dois projetos desafiadores.  O de Gibson foi demonstrar que a tela renascentista se utiliza de duas poderosas alegorias para construir o seu discurso (pictórico) contra a violência da coroa espanhola sobre o território de Flandres.  O moinho, esta engenhosa edificação com estrutura mecânica que se difundiu na Europa a partir do século X, auxiliou o desenvolvimento da cultura humana ao longo de dois milênios, facilitando o trabalho humano e provendo o mais importante alimento dos grupos sociais que se aprimoraram, em muitos casos, ao seu redor. Ele é alegorizado por Brueghel, como lugar-tenente de onde Deus acompanha as ações dos homens. Na verdade, os moinhos de vento, em suas origens, eram edificados em lugares altos, justamente para que seu mecanismo se beneficiasse dos ventos que os fariam mover-se melhor.  Mas não era só esta a razão. Por se situarem no alto, ocupavam posições estratégicas, asseguravam a defesa das povoações vizinhas e atribuíam prestígio aos moleiros, que podiam se comunicar com eficiência à distância. Esta associação do moinho com o alto, com as forças elementais e com o Alto está enraizada na memória tanto de campesinos quanto de montanheses. Na Grécia, antigos moinhos foram a base para a construção de mosteiros inexpugnáveis na região de Meteora. Mesmo que Brueghel não os tenha conhecido, o moinho da tela os evoca: a estranha formação geológica que domina o plano superior esquerdo da tela é suficiente para ocupar o lugar simbólico de tribuna que fiscaliza os ritmos humanos e os há de julgar.

Se o moinho se liga ao céu (por esta e muitas outras razões), a cruz simboliza a terra: está na representação dos pontos cardeais, ao tabu das direções, à mediação entre o divino e o humano. É a imagem mais contundente da tradição cristã, por ter sido o lugar da morte do Cristo, o “ungido”. Se o moinho é par metonímico de Deus (um desdobramento do poder divino, na terra), a cruz é metafórica de vida eterna no céu.



O princípio condutor da narrativa fílmica é uma antiga obsessão de poetas e criadores, desde a mais remota tradição estética: transpor as fronteiras formais e técnicas entre as artes (cf. Simônides de Ceos, grego do séc. VI-V a.C. e Lessing,). Que há similaridades entre todas as artes, é inegável. As especificidades, entretanto, sempre se impuseram: pintura, escultura, dança, fotografia e cinema, como artes espaciais, se constroem/apresentam através da simultaneidade, alegorizando e recortando o momento ótimo dos temas; a literatura, como arte basicamente temporal, inventa ações que se desenvolvem sucessivamente (ou não). Lessing (alemão que viveu entre 1729-1781) foi o primeiro a mencionar a possibilidade de “pinturas poéticas” (ou seja, inventivas e capazes de sugerir o encadeamento de ações).


Majewski supera ineditamente, no século XXI, ambos os desafios: concretiza a transposição de temas e ideias poéticas da tela estática da pintura para a tela cinematográfica, não simplesmente como um exercício de tradução e adaptação entre duas mídias, mas estabelecendo os nexos entre os planos espacialmente dispostos, em sincronia, da pintura de Brueghel, enquanto restaura, com imaginação e rigor histórico, a narrativa que ela contém. E o faz através da experimentação vertiginosa de procedimentos tecnológicos e estéticos capazes de transformar em ação, tornar dinâmico, o que, na obra de partida, era estático.


Em termos práticos, o filme ultrapassa a interpretação artística de uma obra de arte. O filme é uma obra complexa em si, apoiada em paralelismos de diferentes ordens com a tela belga, que ganha vida, e os supera. A história de Flandres castigada pelo rei católico (Filipe II de Espanha) se compagina com a história da crucificação, manipulada pelos representantes de Roma no Oriente; o catolicismo espanhol entra em confronto com um paganismo que atravessou o medievo e irrompeu com toda força, no Renascimento (cf. Aby Warburg), haja vista a alegoria do moinho medonho e do deus que dele vigia, pré-diluvianamente, com uma ira arcaica e todo-poderosa, diferente da imagem do Deus-pai da mensagem cristã. Brueghel, personagem do filme, dá o sinal para o moleiro parar o moinho e, assim, outra máquina entrar em ação, a de produção de sentidos, sínteses interpretativas que começam a se organizar, conforme a silenciosa narrativa fílmica avança.

Abrem-se conexões entre política, religião, ética, vida cotidiana e arte, bem como a relativização das fronteiras entre realidade e ficção.  A história sagrada é concretamente vivenciada através da sujeição humilhante a que os belgas de então foram submetidos. Já as mulheres em torno de Maria e São João, no plano inferior da pintura, mais parecem figuras de Van Eyck, pintor cento e cinquenta anos anterior a Brueghel: bem desenhados, patéticos, expressivos, diferentes da massa de quinhentos figurantes da tela, representados com mais entusiasmo e menos exatidão que o grupo sagrado. O Cristo, no centro da tela, não é o centro das atenções, que se deslocam para um cavaleiro logo abaixo do Salvador (sem rosto), num cavalo branco, magnífico, face descobert, chamativo: nossos olhos acompanham os olhos dos figurantes da tela e são reconduzidos por Majewski para as situações impiedosas dos pequenos escândalos nossos de cada dia.

Nós, os espectadores, graças à animação da tela, participamos do mundo de Brueghel, mas não perdemos nossa condição de observadores contemporâneos: fascinados pelas câmeras e pelo laboratório de imagem de Majewski, levamos para o passado renascentista nossas questões e, com ele, reconhecemos tanto os prodígios da contemporaneidade quanto as violências de que somos ora vítimas, ora algozes.

A realidade paradoxal apresentada na pintura é reinterpretada no filme, através de múltiplos recursos (acústicos, semióticos, culturais, performáticos etc...) que reafirmam a riqueza e a autonomia dos dois objetos estéticos colocados em tensão. Saltam aos olhos e ouvidos suas diferenças, suas peculiaridades e seus silêncios. O que neles permanece impenetrável é talvez o que mais repercute em nós. O não-dito, aí, não significa ausência de fala, mas um discurso que se comunica à sua maneira. No caso de O Moinho e a cruz, como arte.



Carlinda Fragale Pate Nuñez
Doutora em Ciência da Literatura/UFRJ, com pós-doutorado na Univ. de Freiburg, Alemanha, professora e coordenadora do mestrado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada/PPGL-UERJ. Ela é a convidada do Ciência em Foco do mês de abril.


terça-feira, 1 de abril de 2014

O passado presente - 50 anos de 1964



Nesta data que marca os 50 anos do fatídico 1º de abril de 1964, o Golpe Militar e a instauração da ditadura que durou 21 anos no país, aproveitamos para trazer importantes reflexões que rebatem e repensam os ecos do período na atualidade.

Na sessão do Ciência em Foco de agosto de 2012, recebemos a ilustre presença da escritora e psicanalista Maria Rita Kehl, integrante da Comissão da Verdade, para conversar com o público após a exibição do filme Corpo (Brasil, 2007), de Rossana Foglia e Rubens Rewald. Trata-se de um momento oportuno para relembrar o que foi discutido na sessão, e também para ouvir a palestra em nosso podcast. Seguem os links:



quarta-feira, 26 de março de 2014

O que (não) separa a ficção da realidade?



No dia 5 de abril, o Ciência em Foco apresenta o filme O moinho e a cruz (The Mill and the Cross - Suécia/Polônia, 2010), do diretor Lech Majewski, seguido da palestra Com quantos frames se faz uma tela? O paradoxo das histórias pintadas e da pintura em movimento, com a professora Carlinda Nuñez - Doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ.

O filme resgata para a tela do cinema a sensibilidade pictórica do quadro a óleo de Pieter Bruegel – A Procissão para o Calvário, de 1564, retratando seu processo de criação na região de Flandres. A paixão de Cristo é reencenada em um contexto de perseguições religiosas e políticas, promovidas pelos invasores espanhóis católicos contra as ideias reformistas protestantes na comunidade flamenga do século XVI. Rutger Hauer interpreta o pintor no filme, e nele explica a seu mecenas, Nicolaes Jonghelinck (Michael York), um rico mercador da cidade de Antuérpia, suas escolhas de composição e o sentido que ele busca dar à obra.

De acordo com Carlinda Nuñes, “uma tela do pintor Pieter Bruegel se vai montando, adquire vida: reconstitui a problemática política de sua época (séc. XVI) a partir do contraponto com a história sagrada, o que torna a narrativa enigmática e multiperspectivada. Abrem-se conexões entre política, religião, ética, vida cotidiana e arte, bem como a discussão sobre as fronteiras entre realidade e ficção”.

A tela de Bruegel tem mais de 500 personagens e 12 deles são eleitos para narrar a história vivenciada no filme, num ambiente esteticamente estilizado a partir do uso de cenários pintados conjuntamente com as mais recentes técnicas digitais. A realidade reinterpretada pelo cineasta polaco segue argumentos do exaustivo estudo sobre a obra de Bruegel realizada em 1996, na monografia "The Mill and the Cross", do reconhecido crítico de arte Michael Francis Gibson.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O grito (delirante) de carnaval, no CineramaFolia




Para os cinéfilos de plantão, e em ritmo de carnaval, a sessão continua.

O Cinerama, cineclube da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO/UFRJ), apresenta nesta quinta-feira o filme A Lira do Delírio (1978), do diretor Walter Lima Jr.

Após a sessão, ocorre um bate-papo sobre o filme.

E mais: quem for fantasiado ganha um brinde surpresa!

A sessão acontece nesta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, às 19h, no auditorio da CPM, que fica no campus da Praia Vermelha da UFRJ. A entrada é franca.

Boa sessão a todos e bom carnaval!