sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A poesia da ciência

Poesia, ciência e filosofia. Como todas essas coisas se combinam? Ouça o podcast com o professor do Depto. de filosofia da UFRJ Fernando Santoro sobre o filme "2001: uma odisseia no espaço" e descubra. Vamos nessa?
Clique abaixo para ouvir a palestra (58min.) ou baixe aqui o arquivo zipado (68MB).







quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Videocast - Imagens da prisão / Fernanda Bruno

2013 foi um ano de muitas transformações no cenário nacional. O Rio de Janeiro, em particular, futura sede de grandes eventos esportivos, acompanhou desde junho o crescimento da insatisfação da população com relação ao modelo de cidade global e suas consequências para os habitantes, desencadeando importantes discussões em torno da mobilidade urbana, as desigualdades sociais, a qualidade de vida, as tensões entre a esfera pública e a privada e a liberdade dos indivíduos. Despontando nas grandes manifestações como um contraponto à grande mídia, as narrativas audiovisuais independentes ganharam um protagonismo e um alcance político estratégico, já que permitem não apenas o registro de fatos pouco noticiados, como também garantem a construção colaborativa das perspectivas dos manifestantes, funcionando como uma importante ferramenta de contra-vigilância às forças de repressão.

Em outubro, às vésperas de outra manifestação no Rio, o Ciência em Foco exibiu o filme Imagens da prisão (Gefängnisbilder - Alemanha, 2000), de Harun Farocki, seguido da palestra Técnicas e estéticas da vigilância: corpo, imagem e máquina, ministrada pela nossa convidada do mês, Fernanda Bruno, professora do PPGCOM e do Instituto de Psicologia da UFRJ. O filme de Farocki serviu como ponto de partida para uma conversa bastante atual em torno das tecnologias de vigilância e o uso político das imagens, partindo da arquitetura das prisões nas sociedades modernas até o uso dos smartphones nos protestos que movimentam o país desde junho. Às vésperas do final de um ano intenso, o blog do Ciência em Foco apresenta abaixo o videocast da palestra de outubro, convocando a todos para refletir acerca de questões que nos são bastante próximas (e urgentes).






sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Quem é você?

Uma viagem no tempo e no outro! Eis o convite do podcast de outubro sobre o documentário “Santiago”, com a participação do professor de psicologia Luis Antônio Baptista. Vamos juntos?
Clique abaixo para ouvir a palestra (77min.) ou baixe aqui o arquivo zipado (94MB).







terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Fim de ano e inauguração de cineclube no Cinema Nosso

Quem achou que o ano já havia acabado para o circuito cineclubista está enganado!

Nesta terça, 17/12, o espaço cultural Cinema Nosso convida para a inauguração do cineclube da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Rio de Janeiro. Seis curtas fazem parte da programação: Amanhecer (2009), de Mariana Campos; Prum Santo (2013), de Gordack; Na Roda de Samba (2013), de Andre Di Kabulla; Desalmados -­ O Vírus (2012), de Raphael Borghi; Antônio Galdino, Mestre do Barro (2013), de Mário Vieira da Silva e Reikwaapa­ Ritos de passagem Guarani (2013), de Ricardo Sá e Werá Djekupé. A sessão se inicia às 18h30 e contará com debate sobre os temas abordados nos filmes, após a exibição.

Na quarta-feira, dia 18/12, também às 18h30, acontece uma sessão especial do cineclube do espaço, com cinco curtas internacionais: o Prêmio Alemão de Curta-metragens, cuja seleção de filmes abrange ficção, experimental, animação e documentário. A programação completa com as sinopses pode ser encontrada aqui.

O Cinema Nosso, tradicional espaço cultural na Lapa, fica na rua do Rezende, 80. Mais informações na página do Facebook, ou pelo telefone (21) 2505-3300. Uma boa sessão a todos, e boas festas!




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Videocast - Dr. Fantástico / Henrique Cukierman

Há dois meses inauguramos o nosso videocast, que nada mais é do que a veiculação em vídeo digital das palestras dos convidados do Ciência em Foco, no canal do YouTube da Casa da Ciência da UFRJ. Os links diretos para as palestras ficarão armazenados aqui no blog, na seção Videocast.

A primeira palestra a ir ao ar, As máquinas de informação e o mundo fechado da guerra fria, aconteceu em março de 2013 após a exibição do filme Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick, e foi ministrada por Henrique Cukierman, doutor em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do PESC/COPPE, da Escola Politécnica da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ). Confira abaixo:




terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Como se morre na atualidade?



No último sábado, aconteceu o encerramento da temporada 2013 do Ciência em Foco. Foi exibido o filme Você não conhece Jack, de Barry Levinson, seguido da palestra Autonomia individual e gestão do morrer na contemporaneidade, ministrada pela médica Rachel Aisengart Menezes, doutora em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (IESC/UFRJ). A partir de um olhar sobre a trajetória de Jack Kevorkian, patologista que iniciou o debate em torno da eutanásia e do suicídio assistido nos EUA, Rachel comentou temas que dizem respeito à autonomia individual frente ao momento da morte, que em nossa cultura é desfavorecida em detrimento da autoridade do saber médico.

A palestra e o debate apresentaram elementos para se discutir o modelo da morte moderna e a proposta dos cuidados paliativos no final da vida, em perspectiva com as outras formas de se relacionar com o morrer ao longo da história. Foram abordados os novos critérios para se definir a morte, impulsionados pelas novas tecnologias aplicadas à medicina no século XX, bem como as definições de vida e identidade. As consequências deste cenário movimentam debates éticos e políticos que atravessam a atualidade, nos convidando a repensar não apenas a maneira com que lidamos com a morte, como também as relações entre corpo, saúde, ciência e sociedade. A discussão trazida na nossa sessão de encerramento dialogou, de forma própria, com as questões tratadas pelas nossas demais sessões ao longo da temporada 2013, nos fazendo relembrar a dimensão política do conhecimento e das imagens, inseparável dos mesmos processos que animam a vida e a arte.

O Ciência em Foco retorna no ano que vem. A sessão inaugural coincide com a véspera do dia da marmota, um curioso feriado local na América do Norte ligado à previsão do tempo e do clima, eternizado pelo cinema. Portanto, no dia 1º de fevereiro, exibiremos o filme Feitiço do tempo (Groundhog day - EUA, 1993), seguido da palestra Do tempo, o que se diz?, ministrada pelo poeta e matemático Ricardo Kubrusly, professor do Instituto de Matemática da UFRJ e coordenador do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE/UFRJ). Fiquem ligados no blog para a chegada de mais videocasts e podcasts, e para maiores informações. A equipe agradece o apoio e o carinho de todos ao longo do ano e aproveita para desejar um feliz ano novo!







terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Você não conhece Jack

A partir deste mês, estamos inaugurando no blog um novo tipo de participação dos palestrantes do cineclube, com a apresentação de textos curtos e leves sobre os temas a serem desenvolvidos nos encontros, em diálogo com outros filmes, textos e imagens. 

A convidada de dezembro é a médica e doutora em saúde coletiva Rachel Aisengart Menezes.

Inicialmente este filme seria lançado no cinema, mas a produção decidiu lançá-lo apenas na TV, o que ocorreu em 2010. Baseado no livro de Neal Nicol and Harry Wylie, publicado em 2006, "Between the Dying and the Dead: Dr. Jack Kevorkian, the Assisted suicide Machine and the Battle to Legalize Euthanasia", a versão final do filme e a caracterização do personagem central, vivido por Al Pacino, foram aprovadas por Jack Kevorkian.

O filme aborda um tema que cada vez mais tem sido debatido no Ocidente, a partir da segunda metade do século XX e, especialmente, no XXI: a gestão do processo do morrer e o direito de autonomia individual. Neste sentido, Jack Kevorkian é porta-voz de críticas aos excessos do poder médico, entre as décadas de 1950 e 1980, quando houve uma espécie de “deslumbramento” com as novas tecnologias voltadas ao diagnóstico de doenças, à criação de novas formas de criação e de manutenção e/ou para o prolongamento da vida.

O médico Jack Kevorkian defendeu a ideia de que o ser humano tem o direito de morrer da forma que considerar mais “digna”, no caso de doenças terminais. Apoiado pelo amigo Neal Nicol e por sua irmã Margo Janus, ele passa a prestar uma "consultoria de morte". Assim, Jack ajudou na concretização de mais de uma centena de suicídios assistidos. Segundo divulgado em sites sobre o filme, esta seria a razão do apelido de Dr. Morte. Contudo, este apelido é anterior à proposta de ajuda para doentes alcançarem o alívio de seu sofrimento, pela interrupção da vida – seja por suicídio assistido ou pela eutanásia. O apelido de Dr. Morte surgiu durante o período da faculdade, quanto ele fotografava os olhos dos pacientes mortos. Nessa época Kevorkian se tornou popular, ao defender que órgãos de pacientes mortos fossem retirados para transplantes. Jack se formou como médico patologista e se tornou chefe do setor de patologia do hospital de Detroit, ficando até o final dos anos 1970, quando passou a se dedicar a ajudar pacientes terminais a porem fim a suas vidas, por considerar que toda pessoa tem o direito de encerrar a própria vida, e que o médico deve auxiliar na execução deste ato, para que seja indolor. Em 1988 ele inventou a Tanatron, uma máquina do suicídio. Com ela o doente conseguia, ao tocar em um botão, injetar drogas em seu organismo, para morrer sem dor ou angústia respiratória.

O tema da gestão da morte pelo aparato médico já havia sido abordado em outros filmes, como Filadélfia, de 1993, sobre a AIDS; Wit, uma lição de vida, de 2001; Mar adentro, de 2004 e Uma prova de amor, de 2009 – entre outros. Com ênfases diferenciadas, todos estes filmes explicitam a importância do desejo do doente, no que tange às decisões sobre o término da própria existência.









Com o advento e a criação de recursos inovadores para a criação, manutenção e o prolongamento da vida, surgem novos termos, concernentes a cada nova condição de existência. Assim, tratamento fútil, encarniçamento terapêutico, obstinação terapêutica, cuidados paliativos, entre outras expressões, passam a integrar o vocabulário de doentes com diagnóstico de enfermidade crônico-degenerativa, como por exemplo, câncer, AIDS terminal e/ou outras patologias de longa duração, como enfisema pulmonar, esclerose lateral amiotrófica (o filme Hilary and Jackie aborda o tema, a partir do caso da violoncelista Jacqueline du Pré) ou demência de Alzheimer (sobre este tema, ver o filme Iris).





Diante de cada nova possibilidade – como se deu tanto com a criação do respirador artificial, com a possibilidade de doação e transplante de órgãos, quanto com a reprodução assistida e suas diversas modalidades – faz-se necessária a formulação de novas normas e leis, em cada contexto. Cada condição inovadora incita uma produção de sentimentos – sejam eles de aceitação ou de recusa das novas condições – e de esperanças. Ideais de vida – e de morte – são elaborados por diferentes grupos, em cada cultura e/ou sociedade. Neste sentido, para uns, a morte “com dignidade” pode ser alcançada com suporte de equipe de cuidados paliativos, enquanto para outros, seria aquela resultante de eutanásia ou de suicídio assistido.

O século XXI tem assistido à crescente legalização da eutanásia e do suicídio assistido, em diferentes países, bem como à ampliação das possibilidades de atuação médica no último período de vida de doentes com doenças crônicas sem possibilidades terapêuticas de cura – ou, em termos mais correntes, pacientes terminais. Tais normas e leis passaram a ser incluídas no rol dos direitos humanos – por se tratar do direito a não sofrer – integrando o conjunto de políticas públicas de saúde, em vários países do Ocidente. Diretrizes são formuladas pela ONU e OMS, no que tange à assistência deste tipo de doentes e, também, acerca das capacidades e limites da atuação médica.

O filme sobre Jack Kervokian não aborda somente as ideias de um médico. Ele contém dados sobre o que o filósofo Giorgio Agamben denominou de zoe e bios: o corpo político e o corpo biológico – duas condições distintas, que fundamentam o direito de decidir pelo término da própria existência, quando esta não apresenta mais a possibilidade de fruição do viver. O tema do filme não é de fácil assimilação – nem deve ser – mas merece atenção e reflexão, por sua relevância na atualidade.


Rachel Aisengart Menezes
Médica, doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ (IMS/UERJ), professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (IESC/UFRJ) e autora do livro Em busca da boa morte: antropologia dos cuidados paliativos. Ela é a convidada de dezembro do Ciência em Foco.