terça-feira, 28 de junho de 2016

Concentração de renda, sintoma ou origem para as desigualdades sociais?


Ciência em Foco de julho aguça sua percepção sobre os dilemas sociais derivados da concentração de renda e da falta de democracia e convida o público a assistir o filme Réquiem para o sonho americano (E.U.A., 2015), de Peter D. Hutchison, Kelly Nyks e Jared P. Scott. A apresentação será seguida pela conversa com Evandro Vieira Ouriques, Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professor da Escola de Comunicação, do PACC e do HCTE/UFRJ.

Através de entrevistas realizadas ao longo de quatro anos com Noam Chomsky, um dos mais destacados pensadores da atualidade, o filme desenvolve uma reflexão crítica sobre o processo de apropriação da riqueza e do poder por poucos e suas consequências para o exercício da democracia. O próprio Chomsky, filósofo e linguista, tem a oportunidade de desvelar projetos políticos que conduziram a essa encruzilhada histórica ao mesmo tempo em que discute retrospectivamente seu ativismo e participação política.

Para o professor Ouriques, há porém o que chamou de “o ponto cego de Chomsky”, tema de sua palestra. Para ele, “examinar o argumento de Noam Chomsky permite compreender o que falta para superarmos a concentração de riqueza. O ponto cego dele, e da teoria social, é que ela não é a origem, mas sintoma. De onde vem o sonho que gera o sonho americano, a estrutura de classes, o crescimento ilimitado? Como fazer para que movimentos de emancipação não gerem mais subjugação, como o golpe no Brasil?”

O Ciência em Foco acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, às 16 horas, e a entrada é franca.



sexta-feira, 3 de junho de 2016

Cinema, infância, estética e política


É com alegria que os convidamos para a próxima sessão do Ciência em Foco, que acontecerá amanhã, dia 4 de junho, às 16h, na Casa da Ciência da UFRJ.

Exibiremos o filme Cien niños esperando un tren (Chile, 1988 - 55 min.), de Ignacio Agüero, seguido da palestra Cinema e crianças: processos de politização estética da infância em tempos de golpe e ocupação nas escolas, com Adriana Fresquet (Doutora em Psicopedagogia pela UCA, Argentina, professora da Faculdade de Educação da UFRJ, coordenadora do programa CINEAD - Cinema para aprender e desaprender, membro fundador da Rede KINO: Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual).

A entrada é franca! Seria ótimo poder contar novamente com a presença de todos, e também com sua inestimável ajuda na divulgação. Até lá!

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A abertura aos sonhos na vida desperta


No sábado, dia 7 de maio, o Ciência em Foco apresentou o filme Waking Life (2001), de Richard Linklater, seguido da palestra Sonhos como destino: o que nos faz pensar que estamos vivos? Quem conversou com o público foi o poeta e matemático Ricardo Kubrusly, professor titular do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE/UFRJ), um convidado já conhecido por suas colaborações de longa data com o Ciência em Foco, também autor de artigos em nossos dois livros.

A partir das inúmeras vias de entrada que o filme proporciona para se pensar a relação dos sonhos com a vida desperta, Kubrusly enveredou por caminhos que salientam a oposição, trazida com a tradição metafísica e com a ciência moderna, entre formas distintas de se compreender o tempo. Para além do tempo cronológica da medida, que parece pautar o mundo civilizado e nossa vida desperta, temos o sonho como instância que no abre vias possíveis inclusive para repensar nossas formas de compreender a nós mesmos e a existência.

Nossa próxima sessão acontece no próximo sábado, dia 4 de junho, com a exibição do filme Cien niños esperando un tren (Chile, 1988), de Ignacio Agüero. Para conversar com o público após a projeção, teremos a honra e a alegria de receber Adriana Fresquet, doutora em Psicopedagogia pela UCA, Argentina, Professora da Faculdade de Educação da UFRJ, coordenadora do programa CINEAD - Cinema para aprender e desaprender e membro fundador da Rede KINO: Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual. O título da sua palestra é Cinema e crianças: processos de politização estética da infância em tempos de golpe e ocupação de escolas. Anotem na agenda e divulguem! A entrada é franca.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

O êxtase, as máquinas e a potência das imagens



No sábado, dia 2 de abril, o Ciência em Foco apresentou o filme Xapiri (2012), filme experimental realizado por Leandro Lima, Gisela Mota, Laymert Garcia dos Santos, Stella Senra e Bruce Albert. Quem conversou com o público após a exibição foi Pedro Ferreira, apresentando a palestra O xamanismo na era de sua reprodutibilidade técnica. Ele é professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atualmente realizando seu pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE).

Na sua palestra, Pedro propôs um convite ao pensamento sobre a relação entre a experiência do xamanismo e as tecnologias, apresentando elementos que contribuem para se pensar nossa relação com as máquinas, com a alteridade, a proximidade do tempo mítico, as tensões entre humanos e não-humanos, assim como modos outros de estar no mundo e vivenciá-lo - dimensões que o filme investiga por meio do registro documental e artístico.




sexta-feira, 13 de maio de 2016

Notas para uma Cosmopolítica da Imagem



No próximo sábado, 14/5, acontecerá a mostra 'Notas para uma Cosmopolítica da Imagem', na Casa da Ciência da UFRJ. A mostra é uma apresentação da revista Climacom, realizada pelo Labjor-Unicamp. A sessão se inicia às 16h.

Serão exibidos filmes produzidos pela Climacom e por artistas convidados, buscando problematizar a noção de divulgação científica.

São oito filmes curtos que totalizam 60 minutos de projeção, seguidos de 30 minutos de conversa e bate-papo com Susana Dias, pesquisadora do Labjor-Unicamp, coordenadora da sub-rede 'Divulgação científica e mudanças climáticas', da Rede CLIMA (INPE), e com Sebastian Wiedemann, cineasta e doutorando da Unicamp.

Mais informações seguindo este link.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Sonho e vida desperta: por onde caminha a existência?



Ciência em Foco deste mês de maio traz à cena um “sonho visto por dentro”. Essa é (ou parece ser?) uma boa imagem para descrever o filme Waking Life (2001), do diretor americano Richard Linklater. Nele, um garoto acorda no interior de seu próprio sonho e passa a refletir e a conviver com personagens reais de sua imaginação. Para debater a temática desse longa metragem após a sessão, o convidado é Ricardo Kubrusly, poeta e matemático, professor titular do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE).

O filme, por si, é inusitado, pois uma vez filmado com atores e cenas reais, teve sua película  submetida a um processo chamado rotoscopia. A técnica, desenvolvida pelo animador Bob Sabiston e aplicada por vasta equipe de seu estúdio, permite pintar cada fotograma, incluindo novas cores, formas e desenhos. Estima-se que cada minuto do filme exigiu 250 horas de trabalho dos animadores, atribuindo-lhe peculiaridades de cada desenhista.

Em uma cena de TV, que ganha existência dentro do sonho do protagonista da história, ouve-se considerações sobre a prática de xamãs e visionários que “aperfeiçoaram a arte de viajar pelos sonhos, o chamado estado lúcido do sonho, no qual controlando-se  os sonhos  pode-se  descobrir coisas para  além da nossa apreensão no  estado desperto”. O filme explora essa lucidez onírica ao máximo, o que leva o professor  Kubrusly  a perguntar  - Sonhos como destino: o que nos faz pensar que estamos vivos?  E completa o tema de sua conversa ponderando: “Estarmos vivos, conscientes das nossas transformações, do mundo que nos cerca e de nossa participação nele, decorre necessariamente de uma ordenação temporal dos acontecimentos. Ao rompermos com a causalidade que nos ampara e, consequentemente, com os princípios clássicos das lógicas da normalidade, como fazemos nos sonhos de cada dia, o que nos fará pensar que estamos vivos?

Assista Waking Life e confira: quem sabe não sejamos personagens do sonho sonhado por outra pessoa!

O Ciência em Foco acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, às 16 horas e a entrada é franca.

quarta-feira, 30 de março de 2016

“Xapiri”: espíritos yanomamis capturados na tela


Em abril, Ciência em Foco apresenta um filme experimental produzido por ocasião de dois encontros de xamãs na aldeia de Watoriki, Roraima, em março de 2011 e abril de 2012 : Xapiri. Seus autores Leandro Lima, Gisela Mota, Laymert Garcia dos Santos, Stella Senra e Bruce Albert realizaram a filmagem a partir de um propósito do líder e xamã Davi Kopenawa: promover um encontro de xamãs de todo o território yanomami localizado no Brasil, com vistas ao fortalecimento da preservação e da continuidade da cultura tradicional desse povo indígena. Sua exibição no próximo sábado, será acompanhada da palestra “O xamanismo na era de sua reprodutibilidade técnica”, por Pedro Ferreira, doutor em Ciências Sociais, professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação Sociologia da Unicamp.

Segundo Pedro Ferreira, “xamãs indígenas são, na formulação do famoso historiador das religiões romeno Mircea Eliade, ‘técnicos do êxtase’. Assim, é compreensível que xamãs indígenas reconheçam seus próprios poderes e habilidades quando diante de máquinas e tecnologias trazidas por brancos para suas comunidades.” Porém, o professor da Unicamp indaga: podem os xamãs serem técnicos, e as máquinas serem xamânicas? E o que isso nos ensina não apenas sobre o xamanismo, mas principalmente sobre nossas próprias máquinas e tecnologias?

O público do Ciência em Foco, ao assistir Xapiri (termo yanomami para designar tanto os xamãs, os homens espíritos - xapiri thëpë - quanto espíritos auxiliares - xapiri pë), terá a oportunidade de ver o modo pelo qual os xamãs incorporam os espíritos e como seus corpos e vozes se transformam.  Não se trata, portanto, de explicar o xamanismo, mas de torná-lo visível e sensível a públicos de culturas diferentes.

O Ciência em Foco acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, às 16 horas e a entrada é franca.


terça-feira, 8 de março de 2016

Corpo e vida, para além dos códigos e do controle



No último sábado aconteceu a sessão inaugural da temporada 2016 do Ciência em Foco, com a exibição do filme 'Gattaca: a experiência genética', de Andrew Niccol, seguido da palestra "'Válidos, úteis e produtivos: corpo e vida entre os efeitos da tecnociência", ministrada pela professora do Departamento de Antropologia Cultural do IFCS/UFRJ, Daniela Manica.

Daniela destacou elementos que nos ajudam a pensar, a partir da ficção científica, sobre as transformações contemporâneas das definições do humano. Os processos tecnocientíficos atuam hoje cada vez mais sobre o corpo e a vida, codificando-a e alterando nossas relações com a reprodução, a saúde, o trabalho. À exigência de controle, facilitada pelas novas tecnologias, se soma um novo ideal de produtividade que parece ignorar o acaso, os afetos e os desejos, intensificando as desigualdades e a discriminação. Da engenharia genética aos dilemas sociais urgentes que nos inquietam, o prolongado debate mostrou que qualquer semelhança entre a ficção científica e a nossa realidade não é mera coincidência.

Em alguns dias divulgaremos nossa próxima sessão, que acontecerá no dia 2 de abril, o primeiro sábado de abril. Anotem na agenda e fiquem ligados para mais detalhes. Em breve, também publicaremos mais alguns videocasts de nossas palestras, lá na playlist do Ciência em Foco, no canal do YouTube da Casa da Ciência. Fiquem ligados!




segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Gattaca inaugura temporada do Ciência em Foco 2016



Já imaginou se pudéssemos decidir como serão nossos filhos? Num futuro imaginado pelo filme Gattaca, próxima atração do Ciência em Foco deste sábado, a engenharia genética se torna a principal forma como os seres humanos se reproduzem e também como acabam socialmente selecionados. Esta ficção, dirigida por Andrew Niccol (EUA, 1997) será acompanhada por um instigante debate, logo após a sessão, sob o tema “Válidos”, úteis e produtivos: corpo e vida entre os efeitos da tecnociência. A convidada é a professora Daniela Manica, doutora em Antropologia Social pela Unicamp e docente do Departamento de Antropologia Cultural do IFCS/UFRJ.

No filme, Ethan Hawke vive o papel de Vicent Freeman, primogênito de uma família, concebido sem preparos genéticos. Ele buscará maneiras muito peculiares para esconder sua identidade, a fim de poder ser aceito num processo seletivo de uma corporação que prepara astronautas para colônias fora da Terra. Enquanto isso, seu irmão, biologicamente concebido em laboratório, incorpora as benesses de ser geneticamente “válido” e alimenta uma trama que amplia as discriminações sociais causadas por esta visão de eugenia, amparada pelo discurso cientifico vigente.

Como afirma a professora Daniela Manica, “ao discutir esse filme, podemos pensar em conexões mais literais com as atuais tecnologias reprodutivas e os diversos mecanismos de auto-melhoramento disponibilizados pela tecnociência, explorando temas como o determinismo biológico e a genômica, ou as disjunções entre predisposições e a vida como acontecimento”.

Gattaca traz em seu elenco Uma Thurman e Jude Law. Este último vive um personagem decisivo para que Vicent possa assumir uma falsa identidade e sair da condição de “não-válido”, sofrendo, porém, constantes riscos de ver desmascarado esse ambicioso disfarce diante dos constantes mecanismos de controle social.

Esses riscos presentes em Gattaca nos convidam “pensar analogias com processos de desigualdade e exclusão, e os ideais de “utilidade” e “produtividade” que marcam os processos contemporâneos de subjetivação” afirma a professora Manica.

O Ciência em Foco acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, às 16 horas e a entrada é franca.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O ano começa


O ano de 2016 começou com filmagens de pequenas apresentações para os videocasts de palestras que aconteceram nas sessões do cineclube Ciência em Foco. Na foto, Auterives Maciel Junior relembra sua palestra, que aconteceu após a exibição do filme Morte em Veneza, em 2013. Sigam o canal do YouTube da Casa da Ciência e fiquem ligados na playlist do Ciência em Foco, pois novos videocasts estão a caminho. Um ótimo ano a todos!