quinta-feira, 31 de março de 2011

Notícias sobre o podcast

A equipe do Ciência em Foco gostaria de comunicar aos cineclubistas e seguidores do blog que tivemos problemas técnicos com a gravação das últimas edições do evento, impossibilitando a divulgação do podcast. Conseguimos recuperar parte do material e na próxima semana disponibilizaremos o áudio da palestra com o doutor em filosofia Jorge Vasconcellos, que discutiu Jean Luc-Godard e o pensamento-cinema em dezembro de 2010. Aguardem!

Energia Nuclear em debate


Aproveitando o debate internacional sobre energia nuclear e os 25 anos do acidente nuclear de Chernobyl, acontece no Rio de janeiro, de 21 a 28 de maio, o 1º Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear: Urânio em Movi(e)mento. A ideia é informar a sociedade e estimular produções independentes audiovisuais sobre o tema, especialmente em relação aos riscos da radioatividade e a exploração, mineração e processamento de Urânio. O evento terá mostra itinerante em São Paulo, em junho, e em Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza, em agosto. Saiba mais visitando o site!

Se você tiver curiosidade sobre o tema, uma outra dica é a exposição Energia Nuclear, uma parceria entre a Casa da Ciência da UFRJ e a CNEN, que está em cartaz no Museu da Maré até o dia 30 de abril. Você poderá saber mais sobre a sua descoberta no núcleo do átomo e também suas possibilidades de aplicação na medicina, na geração de energia elétrica e na indústria. Saiba mais aqui!

terça-feira, 29 de março de 2011

Não, não é mentira: é tudo verdade


No dia da mentira (1º de abril), acontece no Rio de Janeiro a sessão de abertura do 16º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Às 20:30, no Unibanco Arteplex-Botafogo será exibido o longa-metragem Mas o Cinema é Minha Amante (2010), acompanhado pelo curta Imagens do Playground (2009), ambos com produção da Ingmar Bergman Foundation e dirigidos pelo cineasta e crítico sueco Stig Björkman, homenageando a vida e a obra de Ingmar Bergman (1918-2007). No dia anterior (31 de março), também às 20:30, acontece a sessão de abertura do evento em São Paulo, no Cine Livraria Cultura com Black Power Mixtape (2011), de Göran Hugo Olsson. O filme é um mergulho na história do movimento negro dos EUA a partir de um rico material de arquivo da TV sueca. A entrada é gratuita.


Saiba mais sobre a programação acessando o site do evento.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O que há por trás das lentes

Conheça um pouco mais do palestrante do Ciência em Foco de 2 de abril, o professor de filosofia da UFF Patrick Pessoa.





"Blow-up é um exemplo maravilhoso do modo como o contato entre cinema e literatura amplifica a riqueza de ambos. Depois de se ver o filme de Antonioni, o conto de Cortázar fica muito melhor".



1) Fale um pouco da sua trajetória.

Fiz graduação, mestrado e doutorado em Filosofia na UFRJ, com dois estágios de pesquisa na Alemanha, o primeiro em Freiburg (1996-1997) e o segundo em Berlim (2004-2005). Desde 2009, sou professor do Departamento de Filosofia da UFF e a partir deste ano serei também professor do recém-criado Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFF, como integrante de uma linha de pesquisa em Estética e Filosofia da Arte. Desde cedo, aliás, me interessei pelas questões estéticas. Comecei pensando as relações entre arte e filosofia, tendo como ponto de partida a literatura. Este primeiro ciclo do meu trabalho se encerrou no doutorado, dedicado a uma interpretação filosófica das "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis. Essa pesquisa deu origem ao meu primeiro livro: "A segunda vida de Brás Cubas: A filosofia da arte de Machado de Assis", publicado pela Editora Rocco em 2008 e finalista do Prêmio Jabuti de Crítica e Teoria Literária. Ao mesmo tempo em que pensava a relação arte-filosofia na literatura, comecei a dar uma série de cursos sobre essa mesma relação tendo como base o cinema. O primeiro curso que dei sobre o assunto ocorreu em 2001. Este ano, dez anos depois, será publicado pela Editora Autêntica o livro com os resultados dessa longa pesquisa, "A História da Filosofia em 40 Filmes", que escrevi em parceria com o Alexandre Costa. Desde o pós-doutorado, que realizei na PUC-RJ em 2008-2009, estou construindo um terceiro ciclo para o meu trabalho, estudando a obra de Bertolt Brecht e as relações entre teatro e filosofia.

2) Por que falar a partir do cinema?

Durante dez anos, dei aula no Ensino Médio. O cinema, a princípio, me pareceu um suporte privilegiado para abordar questões filosóficas com os alunos de que dispunha, muito mais familiarizados com a linguagem cinematográfica do que com a literária. À medida que o meu trabalho avançou, porém, tornou-se evidente para mim que alguns dos principais clássicos da história do cinema não apenas ilustravam conceitos ou correntes filosóficas de forma acessível, mas exigiam uma reformulação de alguns dos principais pressupostos de uma crítica filosófica de obras de arte em geral, que historicamente foram forjados tendo como base a literatura.

3) Sua trajetória de pesquisa envereda pelo diálogo e pelas contaminações que se produzem entre arte e filosofia, seja com a dramaturgia de Brecht ou com a literatura de Machado de Assis, e atualmente com o cinema. De que modo as diversas expressões artísticas, e seus diferentes suportes, nos permitem ativar e ampliar questões filosóficas?

No século XX, com a crise da metafísica e a tarefa de se forjar uma espécie de "ciência do singular", no âmbito da qual as diferenças não fossem apagadas em prol de um apreço desmedido a identidades fixas e estáveis, a filosofia se apromixou muito da crítica de arte. Filósofos tão distintos quanto Heidegger, Deleuze, Adorno, Benjamin, Foucault, Merleau-Ponty e Derrida escreveram ensaios importantes sobre obras de arte dos mais distintos registros. A análise imanente de obras de arte singulares é um ponto de partida muito fértil para a construção do que se poderia chamar de "filosofia pós-metafísica".

4) O filme Blow-up nos apresenta a obsessão de um fotógrafo para descobrir se fotografou acidentalmente um assassinato. Pode-se dizer que a fotografia, técnica crucial para a trama do filme de Antonioni, colocou um problema - assim como o cinema - dirigido à nossa forma de perceber o mundo?
O mito fundador da fotografia é o de uma reprodução integral da realidade sem a interferência da subjetividade humana, o qual ganha nova força com a invenção dos irmãos Lumière. A fotografia e posteriormente o cinema surgem prometendo uma reprodução absolutamente objetiva da realidade. O filme de Antonioni problematiza essa vocação originária da fotografia através da formulação de uma das questões mais fundamentais da história da filosofia: aquela que investiga as complexas relações entre realidade e representação, verdade e aparência, interpretação e ilusão.

5) Antonioni adaptou, em Blow-up, o conto do escritor argentino Julio Cortázar As babas do diabo. Existe alguma continuidade ou descontinuidade inserida nesta adaptação? Ou seja: de que forma esta proposta, que pressupõe a tradução das particularidades artísticas da literatura para o cinema, contribui para enfatizar as questões em jogo?

Blow-up é um exemplo maravilhoso do modo como o contato entre cinema e literatura amplifica a riqueza de ambos. Depois de se ver o filme de Antonioni, o conto de Cortázar fica muito melhor. Depois de se ler "As babas do diabo", vê-se muito melhor o filme de Antonioni. Assim como o problema da fotografia é o de traduzir as coisas em imagens que lhes sejam de algum modo fiéis, o problema de uma adaptação cinematográfica de uma obra literária também é o problema da tradução. Tentarei mostrar na minha palestra como a questão da tradução permite articular os dilemas de David Hemmings, o fotógrafo de Blow-up, e também os de Michelangelo Antonioni, que fotografa o fotógrafo. Se nos recordamos que o personagem de Hemmings é baseado no conto de Cortázar, cujo protagonista é tradutor e fotógrafo, a ênfase na questão da tradução e de sua relação com a fotografia fica justificada.

6) Gostaria de fazer um convite para as pessoas assistirem à sua palestra no próximo Ciência em Foco?

Benjamin dizia que uma das grandes forças do cinema era o fato de depender de uma recepção coletiva. Ao contrário da pintura ou mesmo da literatura, calcadas numa fruição individual, com tendências auratizantes, no cinema as reações da plateia (pensada como um coletivo que transcende a soma das individualidades de seus integrantes) interferem necessariamente na construção do sentido da obra. Uma sala vazia, sob essa ótica, não permite a realização das potencialidades mais radicais do cinema. Assim, quem ama o cinema e quer colaborar para a sua sobrevivência nesses tempos tão difícieis de uma dominância quase absoluta dos block busters deve comparecer ao Ciência em Foco...

7) Como conhecer mais das suas produções? Você tem outros trabalhos a partir de leituras de filmes? Você poderia disponibilizar algum email para contato?

Os áudios das 40 aulas sobre 40 filmes distintos que eu e o Alexandre Costa demos em 2009-2010 no Teatro da Caixa Cultural (Teatro Nelson Rodrigues) encontram-se disponíveis no site www.lavoroproducoes.com.br. A partir do dia 18 de maio de 2011, começaremos no mesmo local, todos os sábados, às 10 e meia da manhã, com entrada franca, a segunda etapa do nosso projeto, agora intitulado "A história da Filosofia em mais 40 filmes". Para um contato pessoal, meu email é pessoapatrick@gmail.com

quinta-feira, 24 de março de 2011

Segredos, psicanálise e cinema

Esta sexta-feira, dia 25/03, marca o iníco da temporada de 2011 do Fórum de Psicanálise e Cinema, que acontece na UNIRIO desde 2006. O tradicional encontro mensal é uma parceria entre a Associação Psicanalítica - Rio 3 (APRIO 3) e a UNIRIO, com filmes analisados pelos psicanalistas Waldemar Zusman, Neilton Silva, e também pela museóloga e professora da UNIRIO, Ana Lúcia de Castro.

O Fórum começa em grande estilo, com a exibição do filme O segredo dos seus olhos (El secreto de sus ojos - Argentina, 2009), de Juan José Campanella, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010, além de vários outros prêmios. O filme serve de pontapé inicial para uma conversa com Neilton Silva, que comandará o debate nesta sexta.

Este imperdível programa se inicia com a exibição do filme, às 18h, na Sala Vera Janacopulos, na UNIRIO. O endereço é Avenida Pasteur, 296, na Urca. A entrada é franca e também há estacionamento no local. Confira aqui maiores detalhes sobre a programação, bem como os próximos filmes agendados para o semestre.

sábado, 19 de março de 2011

A foto em foco



No filme do Ciência em Foco de 2 de abril, Blow up (Antonioni, Itália, 1966), a fotografia está em primeiro plano. Cena de um misterioso e duvidoso crime, ela reatualiza questões filosóficas de tempos remotos: representação e realidade, poesia e verdade, mito e logos. A imagem fotográfica também é ponto de partida para a palestra do professor de filosofia Patrick Pessoa. A partir da adaptação que Antonioni faz de um conto de Cortázar, no qual baseou seu filme, serão discutidas as multifacetadas relações entre representação, reprodução, tradução e crítica.



Esperamos por você!

sexta-feira, 18 de março de 2011

As epifanias captadas por David Perlov

Termina neste final de semana a mostra David Perlov: epifanias do cotidiano, no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS), em uma realização do IMS, da Cinemateca Brasileira e do Centro de Cultura Judaica. Inteiramente dedicado ao cineasta israelense, nascido no Rio de Janeiro, a mostra tem a curadoria de Ilana Feldman, que participou da nossa sessão do Ciência em Foco em fevereiro de 2010, quando tivemos a presença-surpresa do cineasta Eduardo Coutinho. Assim como Coutinho no Brasil, Perlov renovou o cinema documentário em Israel, sendo considerado um dos pais do moderno cinema israelense.

Neste último final de semana, no Rio de Janeiro, podem ser conferidos ainda os seguintes filmes: o curta Em teu sangue (In Thy Blood live, 1962), no qual o cineasta retrata o nazismo, os guetos, campos de concentração e o julgamento de Adolph Otto Eichmann; o julgamento também é tema de Memórias do julgamento de Eichmann (Memories of Eichmann Trial, 1979), no qual Perlov entrevista, em sua casa, algumas testemunhas; Em busca de Ladino (In search of Ladino, 1981), em que pesquisa o idioma disseminado por diversos países, desenvolvido pelos judeus espanhóis expulsos da Península Ibérica no século XV; Minhas Imagens (My Stills, 1952-2002), último filme do diretor, uma investigação em três partes sobre a imagem fotográfica.

A mostra se despede do IMS do Rio no domingo e já começa hoje em São Paulo. Confira maiores detalhes da programação do Rio clicando aqui, e a de São Paulo aqui. Deixamos abaixo um trecho do primeiro capítulo de seu monumenta
l Diário 1973-1983, realizada ao longo de dez anos e dividida em seis capítulos, que a mostra exibe na íntegra. Boa programação, seja no Rio ou em São Paulo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Metrópolis, inédito e em grande estilo


A partir de segunda-feira, dia 21/03, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro inicia sua temporada 2011, juntamente com sua orquestra, apresentando um concerto de sua série Música e Imagens. A programação será uma oportunidade de ouro não só para se assistir a um grande clássico do cinema, mas também acompanhar ao vivo sua trilha sonora em grande estilo.

Será exibido Metrópolis (Alemanha, 1927), de Fritz Lang, um dos mais influentes longas de ficção-científica da história. O que torna a sessão ainda mais especial é o fato irônico deste marco da cinematografia mundial, muito difundido e conhecido, ser exibido em uma versão restaurada, em 35mm e inédita: trata-se de uma cópia encontrada recentemente, com quase trinta minutos adicionais de projeção, e que só foi exibida na Alemanha no ano passado. Sendo assim, será a primeira exibição do filme no Brasil, em sua versão integral.

A Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que completa 80 anos em 2011, executará ao vivo a trilha do filme, elaborada pelo compositor alemão Gottfried Huppertz, que colaborou com Fritz Lang em diversas outras produções. Quem rege a orquestra é o maestro titular Sílvio Viegas.

Para quem ainda não conhece, Metrópolis nos apresenta um mundo futuro, localizado temporalmente 100 anos após seu ano de produção. Por meio de um discurso político e social, com tonalidades bíblicas, o filme aborda um tema recorrente da ficção-científica: as implicações que decorrem do desenvolvimento das cidades. No caso, há uma divisão e um nítido contraste entre o mundo avançado, rico e luminoso da superfície, e o mundo dos prisioneiros e proletários que trabalham confinados nos subterrâneos da megacidade.

O exagero da ficção, com sua vida urbana imaginária, reflete as mudanças sociais em curso na época, com imagens belíssimas e efeitos-especiais pioneiros àquela altura. Para se ter uma ideia, acompanhe no final da postagem a antológica cena em que um robô adquire a forma humana associada à personagem Maria. De fato, como sugeriu a pesquisadora Lotte Eisner, uma outra transformação se opera por meio da própria estilização expressionista do filme, com sua fotografia e os movimentos dos proletários, contribuindo para que eles se confundam com elementos mecânicos.

Confira datas e horários da programação com o Theatro Municipal. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria, que fica na Av. Almirante Barroso, 14 / 16, no prédio anexo do teatro. Também podem ser adquiridos online clicando aqui. O Theatro Municipal, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura, fica na Praça Floriano, no Centro.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Os reflexos e as reflexões de Kieślowski, no Cineclube Digital

A próxima terça-feira, dia 15/03, será a segunda do mês, o que significa que teremos mais uma sessão do Cineclube Digital no SESC Nova Iguaçu. Em sua Sessão Grandes Diretores, o cineclube exibe uma joia do cineasta polonês Krzysztof Kieślowski, A dupla vida de Véronique (La double vie de Véronique - Polônia, 1991), um filme que mostra a vida de duas mulheres em países diferentes - uma na Polônia, outra na França -, cujas vidas estão estranhamente entrelaçadas. Pela interpretação de ambas as personagens, Weronika e Véronique, a atriz Irène Jacob ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Você pode acompanhar, como uma prévia, uma expressiva passagem do filme no final desta postagem.

O convidado especial da vez é Marcos Coimbra, mestre em Ciência da Literatura, que pesquisa a relação Literatura e Cinema. Antes da sessão, ainda será exibido o curta-metragem Entrevistas. A programação tem início às 19h e a entrada é franca. O SESC Nova Iguaçu fica na Rua Dom Adriano Hipólito 10, Moquetá. Para maiores informações, visite o blog do Cineclube Digital. Bom programa!


quinta-feira, 3 de março de 2011

Muita animação para você!


Faltam apenas 20 dias para o encerramento das inscrições no Anima Mundi 2011. A 19ª edição do Festival Internacional de Animação do Brasil acontece entre os dias 15 e 24 de julho, no Rio de Janeiro, e entre 27 e 31 de julho, em São Paulo. Saiba mais visitando o site do evento, e aproveite para fazer sua inscrição!

A equipe do Ciência em Foco aproveita para desejar a todos
os amantes do cinema um ótimo carnaval!