quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mostra comemora os 80 anos de Godard


A Caixa Cultural do Rio de Janeiro iniciou no dia 26/01 a Mostra Godard 80, dando início às comemorações dos 80 anos do cineasta Jean-Luc Godard, que nasceu no dia 3 de dezembro de 1930 e que nos anos 60 se tornou um dos principais ícones do movimento do cinema francês conhecido como a Nouvelle Vague.

Oferecendo uma revisão da obra do inovador diretor francês, serão exibidos 16 longa-metragens que oferecem um panorama móvel de sua inquieta trajetória, que se notabilizou por transgredir os modelos estabelecidos da narrativa cinematográfica hegemônica e tradicional: O demônio das onze horas (Pierrot le fou, 1965), O desprezo (Le mépris, 1963) e seu primeiro longa-metragem, Acossado (À bout de souffle, 1960), são alguns dos filmes que estão na programação.

A mostra Godard 80 é uma produção do Cineduc, com curadoria de Alexandre Guerreiro e apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, além de contar com o patrocínio da Caixa Econômica Federal. As sessões acontecem de terça a domingo, até 7 de fevereiro. Mais informações e a programação completa podem ser encontradas no site da Caixa Cultural.

O endereço: Rua Almirante Barroso 25, no Centro, perto da Estação Carioca do Metrô.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

IMS-RJ exibe e discute clássicos da Nova Hollywood

Uma boa oportunidade para se assistir a alguns dos clássicos modernos do cinema é a Mostra Hollywood /70, no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS-RJ). Iniciada na última sexta-feira, dia 15/01, a mostra promove olhares sobre filmes da década de 70 que ajudaram a renovar o cinema dos EUA, com representativas produções do movimento que ficou conhecido como Nova Hollywood. Filmes como Sem destino (de Dennis Hopper), O poderoso chefão (de Francis Ford Coppola), Taxi driver (de Martin Scorsese), Contatos imediatos do terceiro grau (de Steven Spielberg) e O exorcista (de William Friedkin) são apenas alguns dos títulos que fazem parte da programação, que ainda conta com debates em dias específicos.

O psicanalista Jurandir Freire Costa, que participou do Ciência em Foco em maio de 2009, foi a atração do dia 17/01, após a exibição de Um estranho no ninho, de Milos Forman. Já no próximo dia 03/02, quem participa do debate é o pesquisador Hernani Heffner, curador-chefe da Cinemateca do MAM, que foi nosso convidado de dezembro passado. Ele abordará, em sua análise, a fotografia do filme Chinatown, de Roman Polanski.

Confira a programação completa e programe-se.

O Instituto Moreira Salles fica na rua Marquês de São Vicente 476, na Gávea.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Eduardo Coutinho em cena

Você sabe quem é Eduardo Coutinho? Ele é considerado um dos maiores documentaristas brasileiros em atividade. Jogo de Cena é seu décimo longa-metragem. Entre suas produções, destacam-se: Cabra Marcado para Morrer (1964-1984); Santa Marta: Duas Semanas no Morro (1987); Boca de Lixo (1992); Santo Forte (1999); Babilônia 2000 (2000); Edifício Master (2002); Peões (2004) e O Fim e o Princípio (2005).

Para ficar por dentro da discussão conceitual que deu origem a Jogo de Cena, não deixe de conferir o blog oficial do filme! Além de comentários e observações de Eduardo Coutinho, lá você encontra a sinopse, o trailer e críticas do longa-metragem.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pensadora do audiovisual

Quem ministra a próxima palestra, Da confissão à autoficção, é a cineasta e doutoranda em Ciências da Comunicação pela USP Ilana Feldman. Ela atua na área como realizadora e pesquisadora. Uma boa dica para os interessados em conhecer um pouco da profissional, de sua trajetória e de suas ideias no campo da Comunicação, é a entrevista do site Mulheres do Cinema Brasileiro. Já quem quiser esquentar os tamborins para o debate do dia 6 de fevereiro, um bom começo é o artigo http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1120.pdf

Boa diversão!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Jogo de cena abre temporada 2010

Nos Facebook’s e em reality shows, entre tantos espaços virtuais que “visitamos”, a ficção parece estar embaralhada com a realidade. Somos pessoas “reais” e também personagens de nós mesmos. E muitos são os olhares curiosos que desejam percorrer essas novas modalidades de “vitrine”, na qual expomos os nossos corpos e os nossos feitos. Na primeira edição do Ciência em Foco de 2010, a cineasta e doutoranda em Ciências da Comunicação pela USP Ilana Feldman discute um pouco desse cenário atual através do filme Jogo de cena (Brasil, 2007), de Eduardo Coutinho. A sessão acontecerá dia 6 de fevereiro, às 16h.

Jogo de cena, o décimo longa-metragem de Eduardo Coutinho, foi feito a partir de histórias de vida de mulheres reais, interpretadas por atrizes. Fala-se do aspecto autêntico e ao mesmo tempo performático das personagens. De acordo com o próprio cineasta, trata-se de um documentário “impuro” porque incorpora atrizes. Autenticidade e ficção também se misturam na palestra Da confissão à autoficção, de Ilana Feldman.

Bem-vindos!

A gente começa o ano novo com o pé direito. Depois da (muito bem sucedida!) temporada 2009, com a tradicional dobradinha filme e palestra, o Ciência em Foco traz uma novidade que vai agradar a todos: um blog! Aqui você vai encontrar informações sobre a programação, além de dicas sobre cinema, cursos, festivais, críticas e mais um pequeno histórico de todas as edições, incluindo a temporada no MAST, lugar onde o projeto teve início, no ano de 2006.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O paradigma nuclear acabou?

Uma repórter. Um cinegrafista. E um estranho acontecimento envolvendo uma usina nuclear. A verdade poderá ser revelada? Esse é o ponto de partida da atração de dezembro do cineclube, a produção norteamericana, de 1979, A síndrome da China. A sessão aconteceu no dia 5 de dezembro.

Tomando como gancho a temática nuclear, Hernani Heffner, conservador-chefe da Cinemateca do MAM e professor de cinema, discutiu como foram vivenciadas as ameaças de apocalipse em função da tecnologia nuclear. O seu questionamento foi estendido até a atualidade, por ele caracterizada como “pós-apocalíptica”. Já não está mais em jogo o fim do mundo, mas o da humanidade. Nesse novo cenário, até que ponto a geopolítica nuclear ainda dita a pauta do presente e do futuro?


“Um só rebanho e nenhum pastor”

Você já ouviu falar de crise da modernidade? No dia 7 de novembro, o filósofo e professor da UFRRJ, Renato Nogueira Júnior, abordou o tema a partir da exibição do prestigiado Clube da luta, de David Fincher.

O título da palestra de Renato Nogueira Júnior, “Um só rebanho e nenhum pastor”, extraído de um trecho da obra de Nietzsche, revela um pouco do que foi discutido. Em nossa sociedade, em que todos são estimulados a serem iguais, as pessoas ocupam seu tempo numa busca incansável por dinheiro, diversão, juventude eterna e poder, e não medem consequências para alcançar o “sucesso”. Mas, muitas vezes, essa busca se revela vazia.

Clube da luta oferece terreno fértil para uma leitura crítica da modernidade através dessas questões. O filme mostra, a partir da relação entre um executivo yuppie e um cara misterioso, a formação de um grupo de luta para extravasar as tensões do dia a dia, e os sentidos que esse grupo passa a ter em suas vidas ao mesmo tempo “ocupadas” e “vazias”.

Lembranças e memória: o que nos faz humanos

Será que a nossa memória é o que nos torna de fato humanos? Foi com essa pergunta que o convidado do Ciência em Foco de outubro, o pesquisador em história da ciência Fernando Vidal, abriu a sua palestra Lembranças e memória: o que nos faz humanos. O fio condutor de sua fala foi o filme Cidade das Sombras (Dark City - Austrália/E.U.A., 1998), exibido no cineclube dia 3 de outubro.

Em Cidade das Sombras, de Alex Proyas, uma raça de Estrangeiros, que está prestes a se extinguir, implanta novas memórias nos habitantes de uma cidade e reconstrói o espaço urbano. A única chance de sobrevivência dos Estrangeiros é a de se tornarem humanos e eles esperam descobrir a essência da humanidade manipulando lembranças individuais. A partir dessas questões apresentadas pelo filme, Fernando Vidal, que é pesquisador do Instituto Max Planck, de Berlim, abordou criticamente a forma como a neurobiologia contemporânea vem pensando não só a memória, mas o cérebro humano.

Fernando Vidal, do Instituto Max Planck da História da Ciência de Berlim

Teorema x problema: uma tensão fundamental

Em sua edição de setembro, o cineclube exibiu Teorema, de Pier Paolo Pasolini. Após a projeção do filme, no dia 5 de setembro, a doutora em Filosofia da Ciência e professora do Instituto de Matemática da UFRJ, Tatiana Roque, apresentou a palestra Teorema x problema: uma tensão fundamental. Tatiana discutiu a potência dos problemas como motores do conhecimento.

Teorema, lançado 1968, é um filme representativo do chamado “Cinema de Poesia”, do escritor e cineasta Pasolini. Inspirado na liberdade da poesia, o diretor busca romper com a ortodoxia das obras cinematográficas através, por exemplo, de uma mescla de diferentes linguagens e de uma não linearidade espaço-temporal em alguns de seus filmes. Nessa obra, Pasolini faz um relato alegórico sobre a dissolução de uma família burguesa a partir da chegada de um misterioso hóspede, que provoca uma espécie de libertação em cada um dos personagens da casa a que visita.


Portal para o desconhecido

Solaris (União Soviética, 1972), de Andrei Tarkovsky, foi exibido no Ciência em Foco no dia 1º de agosto de 2009. Baseado no romance do escritor polonês Stanislaw Lem, esta obra-prima do cinema soviético acompanha a investigação de um psicólogo acerca de estranhos eventos ocorridos em uma estação espacial. Os eventos envolvem cientistas que pesquisam o misterioso planeta Solaris, que talvez possa comportar vida e inteligência.

Após a projeção, Bráulio Tavares, escritor e pesquisador de literatura fantástica e ficção-científica, apresentou a palestra Portal para o desconhecido. Bráulio discutiu elementos do filme e do romance de Stanislaw Lem, procurando chamar a atenção para os limites do conhecimento humano e os labirintos com os quais se defronta diante do desconhecido. Bráulio Tavares é autor de diversos contos e do romance “A máquina voadora”, e também dos livros teóricos “O que é ficção-científica?”, e “O rasgão no real – metalinguagens e simulacros na narrativa de ficção-científica”.


Os labirintos do tempo e o acaso

No mês de julho, o cineclube apresentou Corra, Lola, Corra (Alemanha, 1998), de Tom Tykwer. O filme, que faz uma instigante reflexão sobre a indeterminação do tempo ao apresentar três versões possíveis para um acontecimento, foi cartaz no dia 4 de julho de 2009.

Após a projeção, Ieda Tucherman, doutora em Comunicação e professora do Departamento de Teoria da Comunicação da ECO/UFRJ, apresentou a palestra Os labirintos do tempo e o acaso, na qual colocou em discussão a existência de um protagonismo num filme ou num mundo onde o tempo é o herói. Ieda Tucherman é autora do livro Breve história do corpo e de seus monstros, e também de vários ensaios.

História natural da palavra

A guerra do fogo (Canadá/França/EUA, 1981), de Jean-Jacques Annaud, foi exibido no cineclube no dia 6 de junho de 2009. Baseado no livro de J. H. Rosny Sr., o filme acompanha os conflitos enfrentados por integrantes de uma tribo que buscava uma fonte de fogo capaz de substituir a que foi perdida.

Após a projeção, Luiz Alberto Oliveira, físico, doutor em Cosmologia e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), apresentou a palestra História natural da palavra. A palestra ressaltou a importância da participação ativa em um contexto linguístico riquíssimo que chamamos de cultura para nos humanizarmos completamente. O enredo do filme foi explorado para examinar como a multiplicação de artefatos e o domínio da linguagem constituíram o cenário a partir do qual concebemos a realidade e atuamos nela.

O problema moral em Philip K. Dick

No dia 2 de maio, foi exibido o filme Blade Runner – o caçador de andróides (EUA, 1982), de Ridley Scott, baseado em um conto do renomado autor de ficção-científica Philip K. Dick.

Após a projeção, o psicanalista Jurandir Freire Costa apresentou a palestra O problema moral em Philip K. Dick, que abordou a semelhança entre as situações criadas por Dick na sua obra de ficção-científica e certos aspectos da realidade contemporânea ou pós-moderna. A analogia feita entre ficção e realidade pode nos ajudar a compreender melhor nossas possibilidades de responder eticamente aos desafios de hoje.

Costa é membro do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ e autor de diversos livros; entre eles, História da psiquiatria no Brasil, O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo e O risco de cada um - e outros ensaios de psicanálise e cultura.


Esquecer na era da tecla DELETE

O Ciência em Foco foi inaugurado no dia 4 de abril, às 16h, na Casa da Ciência da UFRJ, com o filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças (EUA, 2004), de Michel Gondry.

Após a projeção, a palestra Esquecer na era da tecla DELETE foi apresentada por Maria Cristina Franco Ferraz, doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I – Sorbonne e professora titular de Teoria da Comunicação da UFF. Ela é autora dos livros Nietzsche, o bufão dos deuses (1994), Platão: as artimanhas do fingimento (1999) e Nove variações sobre temas nietzschianos (2002).


O nascimento

Abril de 2004. Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST. Esses são os primeiros registros da “certidão de nascimento” do “Ciência em Foco”, que nasceu da vontade de pensar a ciência sob uma perspectiva plural, transversal e multidisciplinar através da aproximação de diferentes discursos. O objetivo era o de elaborar discussões dirigidas ao grande público sobre aspectos filosóficos, históricos e sociais depreendidos dos filmes, ampliando a atitude crítica do espectador diante do mundo que o cerca.
Cada pesquisador convidado escolhia um filme a partir do qual se sentisse à vontade para desenvolver uma conferência, sugerindo um debate com o público participante. Não se tratava de proporcionar explicações distanciadas acerca de um conteúdo científico ou centradas somente no filme, mas de pensar as questões por ele suscitadas. Em dezembro de 2006, aconteceu a última sessão do cineclube no MAST, encerrando o primeiro ciclo de vida do projeto.
Coroação de um trabalho

PublicaçãoEm 2008, como fruto do trabalho desenvolvido nos anos anteriores, foi publicado o livro Ciência em foco: o olhar pelo cinema. Organizado por Gabriel Cid de Garcia e Carlos A. Q. Coimbra, e com prefácio de Hernani Heffner, ele reuniu artigos de pesquisadores que participaram ao longo dos dois primeiros anos do evento. O livro contou com o apoio da FAPERJ.