Neste último sábado, o Ciência em Foco exibiu Minority report (E.U.A., 2002), um dos filmes de ficção-científica mais instigantes de Steven Spielberg, baseado na obra de Philip K. Dick. Igualmente instigante foi a fala do filósofo Paulo Vaz após a sessão. O professor da ECO/UFRJ propôs uma reflexão sobre o modo como experimentamos o tempo, ou ainda - para utilizar suas palavras -, sobre o modo como habitamos o tempo, fazendo de fato uma história do futuro, ou seja, lançando um olhar sobre a história, de modo a buscar uma compreensão de como o futuro era imaginado através dos séculos, ora como redenção, ora como utopia, e atualmente, enfim, como lugar inevitável de tragédias e sofrimentos que podem ser evitados, no presente.
Um exemplo claro seria o da medicina contemporânea, que nos alerta que ficaremos doentes bem antes da experiência da doença (o que é, de fato, um modo de viver a doença antes dela acontecer), ou mesmo com relação ao crime e ao terrorismo, quando certos indivíduos podem ser encarcerados apenas pelo risco que oferecem à liberdade do outro. Um outro exemplo importante, na política, seria o da guerra preventiva, supostamente criada para se evitar futuros conflitos de maior amplitude.
De acordo com Paulo, este modo contemporâneo de habitar o tempo, que ressoa de modo claro e provocativo na ficção de Spielberg/Dick, faz com que cada vez mais, na busca por antecipar, de modo preciso, tragédias ou sofrimentos futuros, ignoremos o acaso e nos afastemos do nosso presente, daquilo que nele é possibilidade para o novo. Fiquem ligados pois, em breve, disponibilizaremos aqui no blog o áudio da palestra e do debate desta sessão, inaugurando o podcast do Ciência em Foco.
Nossa próxima sessão, a última da temporada 2010, acontece dia 4 de dezembro e será uma homenagem ao cineasta Jean-Luc Godard, que completará 80 anos um dia antes da sessão. Exibiremos o filme Alphaville (França, 1965), seguido da palestra Jean-Luc Godard e o pensamento-cinema, com nosso convidado Jorge Vasconcellos, doutor em Filosofia pela UFRJ, professor da área de Arte e Pensamento da UFF e autor do livro Deleuze e o cinema. Divulguem, e até lá!
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