Lembram-se da programação do Ciência em Foco de agosto do ano passado? Exibimos o filme Pi (1998), de Darren Aronofsky, seguido da fala do poeta e professor do Instituto de Matemática da UFRJ, Ricardo Kubrusly. Estreou nesta última sexta-feira nos cinemas o último filme do diretor, Cisne negro (Black swan - E.U.A., 2010), que rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz para Natalie Portman, e já conta com 5 indicações ao Oscar (nas categorias de Atriz, Fotografia, Edição, Direção e Filme).
Nesta sua mais recente produção, Aronofsky mostra o conflito interior de uma dançarina de uma companhia de ballet que se prepara para lançar uma versão de O lago dos cisnes, de Tchaikovsky. Algumas questões que Aronofsky já havia tratado em Pi são revisitadas nesta sua mais recente produção, na qual o diretor nos apresenta, de outra maneira, um conflito que nasce do embate com um certo limite com o qual o protagonista é confrontado.
Em Pi, tínhamos um matemático, Max Cohen, obcecado em buscar padrões que seriam capazes de explicar o mundo. No entanto, ao longo das tentativas de transcender os limites do corpo e do sensível, ele sentia fortes enxaquecas e tinha alucinações constantes, de modo que passávamos a confundir, em determinado momento, o que era real e o que era ilusão, partilhando dos delírios de Max. Em Cisne negro, a dançarina Nina tem dificuldade em interpretar o personagem título - que é a antítese do cisne branco, o papel que ela domina e no qual se destaca -, e se lança em uma espiral de situações-limite que nos faz recordar a trajetória de Max.
Se você se interessou por Pi, pelo estilo do cineasta e pelas questões que percorrem sua obra, não deixe de conferir Cisne negro nos cinemas e, quem sabe, caso ainda não tenha assistido, conferir também os outros filmes do diretor, como Réquiem para um sonho (Requiem for a dream, 2000), A fonte da vida (The fountain, 2006) e também O lutador (The wrestler, 2008), que muitos consideram uma variação bastante próxima da história e do tema desta sua última produção.
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