
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Trânsitos permanentes

quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Conversas filosóficas
De onde surgiu o interesse de pesquisa na relação entre cinema e filosofia? O que existe de comum em ambos os domínios?
Minhas pesquisas sobre as relações entre filosofia e cinema, na verdade, encontram-se no bojo de estudos mais amplos que versam acerca das relações entre arte e pensamento, nas quais a zona de contaminação entre filosofia e cinema possui papel preponderante. Isso tanto é verdade que, no momento, trabalho mais com literatura (Scott Fitzgerald) e artes visuais (Hélio Oiticica) do que cinema propriamente dito.
Claro que o cinema, como matriz dos processos de realização audiovisuais continuam, e muito, me interessando. Haja vista que um de meus vértices de pesquisa é a obra performática e visual de Matthew Barney, artista estadunidense que trabalha em uma rica zona de fronteira entre as artes visuais, a performance e a vídeo-arte. Elaborando sua prática artística no espaço que se convencionou chamar de cinema expandido.
Sobre a segunda parte de sua pergunta, sobre o que há comum entre cinema e filosofia, diria apenas que encontramos em ambos formas de pensamento. Enquanto um cineasta pensa por intermédio de imagens, o filósofo nos apresenta conceitos como seu instrumento de pensar.Você escreveu o livro Deleuze e o Cinema. O fato de o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995) ter criado uma obra que dialoga com as artes e a ciência poderia dizer algo a respeito do papel do filósofo?

Desde Deleuze e seu projeto de investigação filosófica sobre as imagens do cinema, não foi mais possível pensar os filmes da mesma maneira. Desde então, somente foi possível falar, analisar criticamente os filmes levando em conta as considerações e os conceitos deleuzianos acerca das imagens cinematográficas. O trabalho de GD foi determinante para o que aqui denominamos de constituição de uma nova teoria da imagem. A importância desta nova teoria da imagem constituída, principalmente, nos dois livros – Cinema1: A imagem-movimento (1980) e Cinema2: A imagem-tempo (1985) - que GD dedicou ao audiovisual pode, a nosso ver, ser destacada a partir de três pontos fundamentais.
Em primeiro lugar, no plano especificamente teórico, isto é, sua presença nos bancos universitários, na fortuna crítica dos professores e pesquisadores do audiovisual brasileiro, seu impacto nas dissertações e teses acadêmicas dos programas de pós-graduação. Em segundo lugar, na mídia de divulgação e nos cursos livres não universitários, versando sobre arte em geral, cinema e audiovisual em particular. E, enfim, em terceiro lugar, na produção de nossos realizadores, sejam eles jovens postulantes a cineastas ou em diretores com obra já consagrada.
Por outro lado, não diria propriamente que a obra filosófica deleuziana dialogaria com as artes e as ciências, em especial as primeiras, pois entendo que isto enfraqueceria o projeto filosófico do pensador francês. O que ocorre é mais radical que isso: as outras formas de produção de pensamento destacadas por GD, além da própria filosofia – as artes e as ciências – são, justamente, o que fazem a filosofia, o filosofar e os filósofos, hoje, saírem de sua imobilidade. Dito de outro modo, o não filosófico (a arte e a ciência) é constitutivo no projeto filosófico deleuziano.
Seria possível pensar em uma certa popularização ativa destes domínios, a partir de sua obra?
Creio que a filosofia e muito menos o cinema precisaram de Deleuze para “retomar” algum tipo de popularidade, que, em meu entender, jamais perderam. Talvez a maior contribuição deleuziana seja realmente no campo conceitual filosófico, pois estamos com GD no plano de uma radical construção de conceitos, que, a despeito de serem rigorosamente filosóficos, estão imanentemente articulados às artes, em especial, por ele analisadas.
Godard completa 80 anos no dia 3 de dezembro, e este ano ele lançou seu mais novo filme, 'Film socialisme', exibido no Festival do Rio. De que modo ele consegue, através das imagens, ser tão inovador ainda hoje?

Godard, em meu entender, é, de fato, o primeiro cineasta. Não o primeiro em sentido cronológico evidentemente, mas aquele que primeiramente levou o cinema à sua maior radicalidade. Ele é, simultaneamente, o último grande cineasta moderno e o primeiro realizador cinematográfico contemporâneo. Ele está para o cinema como Nietzsche está para a filosofia e Marcel Duchamp está para as artes visuais. Desenvolverei melhor essa ideia, que é, na verdade, uma hipótese teórica, em minha fala no cineclube do Ciência em Foco, à guisa de conversarmos sobre os oitenta anos de JLG, partindo da exibição de seu Alphaville.
Você frequenta ou já frequentou, como palestrante ou espectador, algum outro cineclube? Como você avalia a importância deles?
Aliás, minha formação de cinéfilo e estudioso do cinema se deu inicialmente na frequentação de cineclubes. Em primeiro lugar, em cineclubes escolares, ainda no antigo segundo grau – hoje Ensino Médio – em Niterói. Tenho total apreço por ver filmes coletivamente e conversar sobre eles. Acredito que seja um espaço de formação coletiva e comum do que é propriamente o cinema. A propósito, acabei de chegar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, advindo de uma participação de um Evento mensal, realizado por seu Programa de Pós-graduação em Filosofia, intitulado CINESOPHIA, no qual falei após a exibição de A erva do rato, o mais recente filme de Júlio Bressane.
Como conhecer mais das suas produções?
Bem, meus textos que articulam cinema e filosofia, além de meu livro Deleuze e o Cinema (Editora Ciência Moderna), estão dispersos por livros organizados, por artigos para periódicos de artes filosofia, comunicação e educação e ensaios publicados em algumas revistas como a FILME CULTURA do MinC. Penso em algum momento eu mesmo fazer um Blog, quem sabe?
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Ouço, logo vejo. Vejo, logo sinto.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil
Cinema I - Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Bilheteria/Informações: Terça a domingo, das 9h às 21h Telefone: (21) 3808-2020
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Hoje é dia de índio

Encontro de periferias no diálogo Caxias/Paris através do cinema
O SESC Duque de Caxias fica na Rua Gal. Argolo 74, no centro de Duque de Caxias. A entrada é franca. Aproveite esta festa. Programe-se e acompanhe o que já passou clicando aqui.
Mostra Angu à Francesa from kairós on Vimeo.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Ao mestre, com carinho

quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Humano, demasiadamente humano

quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Cinema da diversidade sexual

quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Cinema gratuito

O MAST fica localizado na R. General Bruce, n. 586, São Cristóvão. Tel: (21) 35145200.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Antecipar o futuro, limitar o presente
Um exemplo claro seria o da medicina contemporânea, que nos alerta que ficaremos doentes bem antes da experiência da doença (o que é, de fato, um modo de viver a doença antes dela acontecer), ou mesmo com relação ao crime e ao terrorismo, quando certos indivíduos podem ser encarcerados apenas pelo risco que oferecem à liberdade do outro. Um outro exemplo importante, na política, seria o da guerra preventiva, supostamente criada para se evitar futuros conflitos de maior amplitude.
De acordo com Paulo, este modo contemporâneo de habitar o tempo, que ressoa de modo claro e provocativo na ficção de Spielberg/Dick, faz com que cada vez mais, na busca por antecipar, de modo preciso, tragédias ou sofrimentos futuros, ignoremos o acaso e nos afastemos do nosso presente, daquilo que nele é possibilidade para o novo. Fiquem ligados pois, em breve, disponibilizaremos aqui no blog o áudio da palestra e do debate desta sessão, inaugurando o podcast do Ciência em Foco.
Nossa próxima sessão, a última da temporada 2010, acontece dia 4 de dezembro e será uma homenagem ao cineasta Jean-Luc Godard, que completará 80 anos um dia antes da sessão. Exibiremos o filme Alphaville (França, 1965), seguido da palestra Jean-Luc Godard e o pensamento-cinema, com nosso convidado Jorge Vasconcellos, doutor em Filosofia pela UFRJ, professor da área de Arte e Pensamento da UFF e autor do livro Deleuze e o cinema. Divulguem, e até lá!
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A ética em Philip K. Dick

Philip K. Dick, autor do conto Minority report, adaptado para o cinema por Steven Spielberg, é um dos pricipais personagens do novo livro do psicanalista Jurandir: O ponto de vista do outro: Figuras da ética na ficção de Graham Greene e Philip K. Dick.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Viva o cinema latino-americano!

Confira a programação
2ª feira -. 8 de novembro
Los Muertos
Direção: Lisandro Alonso
2004, Argentina, 78 min., cor, falado em espanhol, legendas em português
Um homem por volta de sessenta anos sai da prisão onde permaneceu por muitos anos. O personagem inicia uma longa jornada de volta para casa. No caminho entrega uma carta à filha de outro preso, compra doces para a sua filha sem nem ao menos saber direito sua idade, antes de iniciar seu longo retorno de canoa pelo interior da floresta na busca pelos seus “mortos”. A realidade não é mais aquela que ele deixou e sim a que vive apenas em sua memória.
3ª feira -. 9 de novembro
Hamaca Paraguaya
Direção: Paz Encina
2006, Paraguai, 73 min., cor, falado em espanhol, legendas em português.
Trata-se, na realidade, de uma não-ação, uma inação que se passa em 1935. À espera do retorno do filho que foi para a guerra Del Chaco, acompanhamos a rotina de um casal de camponeses idosos. Ele envolvido na colheita da cana, ela nos afazeres domésticos. Pouco acontece naquele lugar, e tudo que resta àqueles personagens é discutir entre si e reclamar – do calor, do cachorro. Eles vivem a espera do frio, da chuva, do filho e de dias melhores.
Após a sessão haverá debate
4ª feira - 10 de novembro
Japón
Direção: Carlos Reygadas
2002, México, 126 min., cor., falado em espanhol
O filme acompanha um homem que atravessa uma grave crise existencial. Ele deixa seu apartamento e parte para um acampamento no intuito de se preparar para sua morte. Na imensidão da natureza selvagem ele procura respostas. Encontra uma viúva de um velho índio. Uma relação que oscila entre a crueldade e o lirismo despertando os instintos do personagem.
5ª feira -. 11 de novembro
La mujer sin cabeza
Direção: Lucrecia Martel
2008, Argentina, 87 min., cor, falado em espanhol, legendas em espanhol
Mulher está dirigindo sozinha em uma auto-estrada. Em um momento de distração ela bate em algo, mas vai embora sem ter certeza do que aconteceu. Nos dias que se seguem ela se mostra desconexa da realidade e dos eventos a sua volta. Mesmo a policia confirmando que não houve nenhuma queixa de acidentes naquela área, ela fica obcecada com a possibilidade de ter matado alguém. A vida volta ao normal até uma inesperada revelação.
6ª feira -. 12 de novembro
La liberdad
Direção: Lisandro Alonso
2001, Argentina, 73 min., cor, falado em espanhol, legendas em português.
Misael vive na imensidão de uma montanha. Trabalha como lenhador. Ele vive apenas com o indispensável e sem nenhum contato com as pessoas. O personagem gosta de viver cada minuto de sua vida através de pequenos movimentos investigando sua maneira de estar no mundo.