Após a exibição do filme Os olhos sem rosto, de Georges Franju, Paula iniciou sua fala retomando outros filmes que, ao longo da história do cinema, apresentaram intervenções tecnocientíficas nos corpos. A partir do cenário atual, onde as cirurgias de transplante de rosto passam a acontecer, a ficção de Franju se mostra bastante próxima, mais de meio século depois. Paula discutiu essa atualidade e também como são colocados, hoje, outros problemas que parecem desafiar a identidade do indivíduo.
A partir de um transplante de rostos, podemos pensar a respeito de uma possível desestabilização do lugar da identidade, já que os rostos carregariam os traços marcantes que culturalmente nos definem enquanto sujeitos. Na época atual, no entanto, a localização de uma essência que defina a identidade parece ter escapado dos esquema analógicos que a referiam ao corpo e ao rosto.
Diante das possibilidades digitais da atualidade, esta dispersão da identidade se processaria de forma ainda mais sofisticada, com a engenharia genética, o mapeamento de atividades cerebrais e também com a possibilidade de digitalização dos rostos e dos corpos. Após incursões sobre o mito de Pigmalião e o de Fausto, sobre a ética na ciência e na medicina, o debate prosseguiu com a participação do público, onde foram levantados os temas da glamourização das cirurgias plásticas, deslocadas de sua função apenas reparadora, com a busca da melhoria dos corpos pela técnica.
Em julho, excepcionalmente, devido à Copa do Mundo, não teremos sessão. Nosso próximo encontro, portanto, com ou sem o hexa, acontece apenas no dia 7 de agosto, com a exibição do filme Pi (E.U.A., 1998), de Darren Aronofsky. Os debates em torno dos limites do humano continuam com a palestra A busca do impossível (ainda), ministrada por Ricardo Kubrusly, poeta e matemático, professor do Instituto de Matemática da UFRJ e da Pós-Graduação em História das Ciências dao HCTE/UFRJ. Até lá!
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Os bisturis e a redefinição da identidade
O Ciência em Foco do último sábado recebeu a professora Paula Sibilia, que já havia participado de uma sessão do cineclube no MAST, em 2005, que resultou em um artigo no nosso livro.
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Junho/2010
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