terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Retrospectiva 2012 - Abril
Em abril de 2012, o Ciência em Foco apresentou o filme Sem limites (Limitless - E.U.A., 2011), de Neil Burger, estrelado por Bradley Cooper, ator atualmente indicado ao Oscar pelo filme Silver Linings Playbook (E.U.A., 2012). Quem conversou com o público após a sessão foi o psiquiatra e professor Benilton Bezerra Junior, do Instituto de Medicina Social da UERJ, com a palestra Do cultivo da interioridade à biorregulação da experiência. Sua fala situou questões em torno das novas tecnologias ligadas às inovações do campo da psiquiatria, que seriam responsáveis, no cenário contemporâneo, por uma transformação da própria condição humana. Alterando condições existenciais que até pouco tempo nos definiam, seria possível pensar hoje em uma reconfiguração do humano?
Benilton analisou esta mudança a partir da imagem do indivíduo delineada na cultura contemporânea: a crescente importância atribuída ao corpo e à performance, tanto motora quanto cognitiva, em detrimento do cultivo da interioridade, ligada aos afetos e aos aspectos psicológicos do indivíduo. Esta mudança na subjetividade nos trouxe perspectivas para pensar acerca de determinadas posições da medicina e da psicofarmacologia, como a distinção entre o tratamento e o aprimoramento, a relação entre patologia e normalidade e, enfim, a distinção entre natureza e cultura. Um resumo com fotos da sessão pode ser encontrado aqui, e recomendamos também a entrevista concedida por Benilton, disponível na nossa seção de Entrevistas.
O filme, uma ficção-científica bastante recente, suscitou questões que se tornam a cada dia mais atuais - e menos fictícias. Quem acompanha as notícias de ciência e saúde nos grandes jornais deve se defrontar, não raramente, com inúmeras reportagens que veiculam resultados de pesquisas que têm o cérebro como protagonista. Um exemplo recente pode ser encontrado aqui. A maioria delas se dedica à localização de determinados sentimentos e comportamentos em áreas específicas do cérebro. Estas reportagens devem ser encaradas com cautela, evitando conclusões precipitadas que podem dar margem à criação de verdades acerca da experiência de cada um (verdades que podem não passar de ficções). De que forma este tipo de pesquisa, crescente no âmbito da comunidade científica, impulsiona a criação de novos diagnósticos e a reconfiguração do modo pelo qual nos entendemos humanos? Quem quiser ouvir a palestra e reviver o debate, pode acessá-la em nosso podcast. Todas as informações sobre a sessão também podem ser acessadas diretamente no link referente a abril de 2012, aqui no blog.
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Retrospectiva 2012
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