Como pode uma mentira ser sincera? Este paradoxo está presente em Verdades e mentiras (F for Fake), filme de Orson Welles que será apresentado no próximo sábado, 1º de dezembro, no Ciência em Foco. Após o filme, será realizada a palestra F de Falso: o autor e seus duplos, com Adalberto Müller, professor de Teoria Literária e Cinema e Literatura da UFF.
O último longa metragem de Orson Welles gira em torno do pintor e falsificador húngaro Elmyr de Hory (1906-1976) e seu biógrafo Clifford Irving, que teria falsificado uma biografia de Howard Hughes (excêntrico milionário americano) na década de 1970. Seria o falsificador de quadros também um artista?, pergunta Welles a partir deste documentário, uma vez que replica obras em que mesmo os autores dos quadros não distinguem o verdadeiro do falso. Welles também recorda, durante o filme, o célebre programa de rádio War of the Worlds, no qual, em 1938, “informou” sobre uma invasão de marcianos – história que é recontada com algumas “falsificações”.
Adalberto Müller argumenta que em Verdades e mentiras, uma espécie de filme-testamento, Orson Welles questiona valores tradicionais da arte, como autoria, autenticidade e originalidade. “O filme-ensaio de Welles pode ser um documento importante para se pensar a arte contemporânea e o mundo das aparências digitais”, destaca o professor da UFF.
Com cenas rodadas na Itália, França, Espanha e Estados Unidos, o filme tem em seu elenco Oja Kodar (atriz croata e namorada de Welles) e o próprio Welles, que elaborou o roteiro repleto de armadilhas, revelando com(o) sinceridade muitas das ilusões que o cinema permite tramar.
Venha para cá se confundir, ou se achar!
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