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Como você reagiria se por lei do Estado fosse proibido ensinar nas escolas públicas a teoria evolucionista, desenvolvida em meados do século XIX pelo naturalista inglês Charles Darwin? Pois foi o que aconteceu ao professor de biologia John Thomas Scopes, na cidade de Dayton, em pleno século XX (1925) no estado americano do Tennessee e que o filme de Stanley Kramer, "O Vento Será Tua Herança" (Inherit the Wind – E.U.A., 1960), aborda na sessão do dia 4 de outubro, no Ciência em Foco. Em seguida ao filme, haverá a palestra/debate Vários rounds... e o ringue segue armado, com Valéria Wilke, professora do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da UNIRIO.
A produção estadunidense foi adaptada da peça homônima de Jerome Lawrence e Robert Edwin Lee escrita em 1951 e estrelado por Spencer Tracy, Fredric March e Gene Kelly. Trata-se de uma ficção amparada em um caso real: o Julgamento do Macaco (“Monkey Trial”), como ficou conhecido, em que é possível acompanhar o confronto entre perspectivas religiosas e a ciência.
O julgamento, que durou 11 dias e foi o primeiro a ser transmitido pelo rádio, aparece nesta versão cinematográfica atravessado por outras questões que para a professora Valéria Wilke merecem destaque: “o filme convida-nos a discutir sobre a natureza do estado laico e sua relação com as religiões, quem pode ensinar e o que se pode ensinar às crianças, e sobre a liberdade do pensamento”.
A intransigência do juiz em meio a batalha judicial, que impediu a defesa de apresentar cientistas como testemunhas em favor da teoria da evolução, também alude a outro momento da história americana, o macartismo. Nesse período, que vai de fins da década de 1940 a meados da década de 1950, ocorreu intensa perseguição política e desrespeito aos direitos civis. A obra de Jerome Lawrence também surge como forma de denuncia a esta violência do Estado sobre aqueles que não concordavam com as ideias preconizadas nos EUA durante a chamada Guerra Fria.
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